Escola de Formação e Criação do Ceará

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Tutores do Laboratório de Artes Visuais da Porto Iracema participam da 60ª Bienal de Veneza

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Ziel Karapotó, Jota Mombaça e Dalton Paula estarão presentes no evento, que ocorre em abril de 2024, na Itália

Marcando presença no cenário artístico internacional, os tutores do Laboratório de Artes Visuais da Escola Porto Iracema das Artes – equipamento da Rede de Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM) –, Ziel Karapotó e Jota Mombaça, participam, em abril deste ano, da 60ª Bienal de Veneza, na Itália. Voltado para a exposição de produções internacionais, a Bienal tem curadoria de Adriano Pedrosa, e conta com a presença do ex-tutor do Lab de Artes Visuais, Dalton Paula. Promovendo a reunião de diversas produções artísticas estrangeiras, o evento, originado em 1985, mantém o diálogo com o público por meio de espaços repletos de arte.

O tutor, Ziel Karapotó, integra o grupo de artistas escolhidos pela Fundação Bienal de São Paulo, para representar a comunidade indígena brasileira na Bienal de Veneza, algo inédito na história do evento. Integrando o Pavilhão Brasileiro, Ziel apresenta a instalação “Cardume”, que confronta processos coloniais, unindo uma rede de tarrafa, maracás de cabaça e réplicas de projéteis balísticos, com uma ambientação repleta de sons de rios e cantos tradicionais indígenas do povo Karapotó. O espaço apresenta, ainda, a violência contra os povos originários, com a reprodução de sons de disparos de armas de fogo, fazendo alusão ao genocídio indígena. Junto do tutor, as artistas Olinda Tupinambá e Glicéria Tupinambá, também participam do evento com produções artísticas sobre ativismo e resistência. 

“Estar na Bienal de Veneza junto com Glicéria Tupinambá e Olinda Tupinambá é, sem sombras de dúvidas, uma conquista coletiva. É resultado de uma trajetória marcada por muitos pontos de apoio, aprendizados e forças que motivaram a insistência de um indígena querer, e se tornar, artista. Ser tutor dos projetos de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes é um desses pontos. É também resultado de uma curadoria comprometida em tornar visível aquilo que está em regime de envultamento, de reafirmar para o mundo, e sobretudo para o Brasil, que esse território é, antes de tudo, Hãhãwpuá, território amplo, ancestral, ocupado há muito tempo por indígenas”, explica, Ziel.

Já a artista, Jota Mombaça, participa da Bienal por meio do projeto “Arquivo da Desobediência”, de Marco Scortini. A iniciativa, desenhada por Juliana Ziebell, será dividida em duas partes intituladas “Ativismo da Diáspora” e “Desobediência de Gênero”, que trazem obras de 39 artistas e coletivos, produzidas entre 1975 e 2023.

Via Lei Federal de Incentivo à Cultura, os Laboratórios de Criação da Porto Iracema das Artes contam com o Patrocínio Master da Solar Coca-Cola.

Sobre Ziel Karapotó

Indígena da etnia karapotó, oriundo da comunidade Terra Nova em Alagoas, é graduado em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), multiartista, curador, arte educador e pesquisador atuante desde 2014 nos campos das artes visuais e audiovisual. Em seus trabalhos e pesquisas, aborda as poéticas indígenas, as configurações identitárias e o racismo sobre as etnicidades originárias, em especial sobre os povos indígenas no Nordeste. Em 2022, foi artista pesquisador no projeto internacional de Culturas de Antirracismo da América Latina (CARLA), na UFBA, com a Universidade de Manchester (Reino Unido), Universidad Nacional de Colombia e Universidad de San Martin (Argentina). De 2018 a 2021, foi pesquisador no projeto Ciência e Arte Indígena no Nordeste – CAIN, Universidade Federal de Pernambuco. Desde 2021 é coordenador geral da Associação de Indígena em Contexto Urbano karaxuwanassu – ASSICUKA. Karapató acompanha os projetos “Escudos contra os morticídios”, de kulumym–açu (Fortaleza) e “Toá – eternizando memórias”, de Moisés Tremembé (Itarema).

Sobre Jota Mombaça

É artista e escritora indisciplinar cujo trabalho deriva de poesia, teoria crítica e performance. Sua prática está relacionada à crítica anticolonial e à desobediência de gênero. Através da performance, da ficção visionária e de estratégias situacionais de produção de conhecimento, pretende ensaiar o fim do mundo tal como o conhecemos e a figuração do que vem depois de desalojarmos o sujeito colonial-moderno de seu pódio. Já apresentou trabalhos em diversos contextos institucionais, como as 32ª e 34ª Bienal de São Paulo, 10ª Bienal de Berlim, 22ª Bienal de Sydney e 46ª Salão Nacional de Artistas da Colômbia. É autora do livro NÃO VÃO NOS MATAR AGORA, publicado em Portugal em 2019 pela EGEAC e no Brasil em 2021 pela Editora Cobogó. Jota acompanha os projetos “Trava da peste”, de Isadora Ravena (Uruburetama), e “Mãozinha”, de Céu Vasconcelos (Fortaleza).

Sobre Dalton Paula

Nasceu no Distrito Federal, em 1982, e atualmente mora e trabalha em Goiás. É bacharel em Artes Visuais e discute o corpo silenciado no meio urbano. É o idealizador do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, criado em 2022. Atualmente está com a exposição individual “Retratos Brasileiros” em cartaz no MASP, em São Paulo. Em 2021 participou da exposição “Enciclopédia Negra”, na Pinacoteca de São Paulo, em 2020 fez sua primeira exposição individual “Dalton Paula: um sequestrador de Almas”, em Nova York, na Alexander and Bonin Gallery. No ano de 2019 foi um dos cinco premiados da 7ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas; e também expôs no “36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 2018 foi selecionado para a Trienal “Songs for Sabotage” do New Museum em Nova York/EUA. Também integrou a 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul – “O Triângulo Atlântico”, em Porto Alegre/RS; e teve trabalhos na exposição “Histórias Afro-Atlânticas” (MASP e Instituto Tomie Ohtake). Em 2017 participou da exposição “The Atlantic Triangle” (Instituto Goethe em Lagos/Nigéria) e no ano de 2016 foi um dos artistas convidados para a 32a Bienal de São Paulo.

SOBRE OS LABORATÓRIOS DE CRIAÇÃO

São espaços de experimentação, pesquisa e desenvolvimento de projetos culturais em cinco linguagens: Artes Visuais, Cinema, Dança, Música e Teatro. Funcionam em regime de imersão, por meio de processos formativos de excelência, desenvolvidos em torno das propostas previamente selecionadas. Os artistas recebem orientação de tutores e tutoras, que conduzem à qualificação dos projetos por meio de orientações individuais, além de oficinas, palestras e masterclasses pelo período de sete meses. Os laboratórios funcionam em regime de imersão, através de processos formativos de excelência, desenvolvidos em torno de propostas previamente selecionadas. Durante esse tempo, os artistas selecionados recebem ajuda de custo para que possam se dedicar integralmente ao desenvolvimento de suas propostas. Ao longo de dez edições, de 2013 a 2022, 555 artistas passaram pelos Labs e 221 projetos foram selecionados.

Sobre a Escola

A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, equipamento da Rede de Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há dez anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.

Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes | Texto: Liv de Moraes (estagiária) | Supervisão e Edição: Gabriela Dourado (jornalista) | Publicado em 02 de fevereiro de 2024