Em quatro lives, de 17 a 20 de novembro, artistas e pesquisadores debaterão diferentes expressões da negritude nas artes. Transmissões ao vivo serão pelo Youtube e o Facebook da Escola
Associado à morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, o Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, existe não só para lembrar de um passado de resistência dos povos negros, mas para refletir sobre suas lutas, vidas e culturas na sociedade contemporânea. Para marcar a data, a exemplo de anos anteriores, o Porto Iracema promove, na próxima semana, uma série de quatro lives com artistas e pesquisadores de diferentes linguagens artísticas. As palestras serão transmitidas nos dias 17, 18, 19 e 20, sempre às 15h, pelo Youtube e Facebook da Escola.
Com participação dos pesquisadores Rômulo Silva, Jorge Vasconcellos, Amélia Conrado e Janaína Oliveira, as discussões se voltarão para o protagonismo do povo negro no passado e no presente, por meio da literatura, do cinema, da dança e das artes visuais.
A programação será aberta na próxima terça-feira (17), com a live “Réquiem para não-artistes: quem respira a arte?”. Para pensar o campo artístico, o poeta e pesquisador Rômulo Silva traz como ponto de partida um olhar para os “não-artistes”, sujeitos submetidos a um processo de transformação por meio da destruição, que assumem uma condição ressurgente capaz de conferir significados para o futuro. Na live, ele refletirá sobre questões relacionadas a um passado traumático e colonial, que segue reencenado através do racismo cotidiano na contemporaneidade. A mediação será realizada pela coordenadora do Programa de Fotopoéticas do Porto Iracema, Iana Soares.
Na quarta-feira (18), será a vez da live “Por um devir-quilombista das artes”, ministrada pelo professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Vasconcellos. Com mediação da coordenadora do Laboratório de Artes Visuais, Aline Albuquerque, Jorge falará sobre o quilombismo, não apenas como um momento histórico do Brasil, mas como uma força motriz do povo preto (negrxs/indígenas) Brasileiro. Abordando questões de contrapoder, história e atualizações em processos e linhas de força, ele apresentará o devir-quilombista das artes como manual (aberto) de autodefesa do povo preto no campo das artes.
O penúltimo encontro acontece na quinta-feira (19), com a professora e pesquisadora de Dança, Amélia Conrado, que debaterá o tema “Protagonismo das mulheres e consciência negra na dança”. A conversa abordará o lugar das mulheres negras na dança, seu protagonismo e os apagamentos na trajetória histórica dessa área. Mediada pela coordenadora dos Laboratórios de Criação, Cláudia Pires, a artista falará, também, sobre o contexto atual através de diversas danças, onde os corpos negros seguem afirmando identidades e perspectivas de criação, produção de vozes, vitórias e denúncias.
No Dia da Consciência Negra (20), sexta-feira, acontecerá a fala “Com a Alma no Olho: notas sobre o cinema negro brasileiro contemporâneo”. Com a curadora de Cinema e pesquisadora, Janaína Oliveira, a live discutirá o cinema negro nacional, movimento que se iniciou a partir do curta-metragem brasileiro “Alma no Olho” (1973), dirigido e performado por Zózimo Bulbul. Partindo de pesquisas sobre a temática, Janaína discutirá as dimensões estéticas presentes nas produções contemporâneas do cinema negro, sem deixar de lado as inflexões históricas, mas focando no entrelaçamento de referências nas obras e nos diálogos possíveis entre elas. A mediação será de Lis Paim, coordenadora do Laboratório de Cinema da Escola.
Programação
Dia 17 de novembro, 15h
Réquiem para não-artistes: quem respira a arte?
Com Rômulo Silva
Dia 18 de novembro, 15h
“Por um devir-quilombista das artes”
Com Jorge Vasconcellos (UFF)
Dia 19 de novembro, 15h
“Protagonismo das mulheres e consciência negra na dança”
Com Amélia Conrado (UFBA)
Dia 20 de novembro, 15h
“Com a Alma no Olho: notas sobre o cinema negro brasileiro contemporâneo”
Com Janaína Oliveira
Onde: Youtube e Facebook do Porto Iracema das Artes
Sobre os convidados
Rômulo Silva
Poeta e pesquisador, Nascido e criado no Pantanal (atual Planalto Ayrton Senna), periferia de Fortaleza (CE). É integrante do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e Violência (COVIO/UECE), onde também coordena a linha de pesquisa “Estudos afro-atlânticos”. Pesquisador-colaborador do Laboratório de Arte Contemporânea (LAC/UFC). Tem interesses nas áreas da Sociologia da Literatura, Escrita, Performance e Oralidade; Sociologia da Ação Coletiva e dos Movimentos Contemporâneos de Juventudes, além dos Estudos Críticos à Colonialidade. Estuda Mediação de Leituras na cidade de Fortaleza (CE). Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS/UECE).
Jorge Vasconcellos
Negro-indígena, isto é, sua ascendência é afrodiaspórica-meríndia / é descendente de negrxs escravizadxs e seu bisavô foi indígena Xavante aldeado. Doutor em Filosofia (UFRJ: 2002). Fez recentemente um Pós-doutorado em Artes no Instituto de Artes da UERJ (2018-2019). Professor Associado da Universidade Federal Fluminense/UFF. Professor do Departamento de Artes e Estudos Culturais/RAE-IHS-UFF. Coordenador do Programa de Pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes/PPGCA-IACS-UFF. Líder do Grupo de Pesquisas CNPq: práticas estético-políticas na arte contemporânea. Escreveu e publicou vários livros sobre filosofia francesa contemporânea, especialmente sobre o pensamento de Gilles Deleuze & Félix Guattari e Michel Foucault. Está terminando um livro acerca das práticas estético-políticas na arte contemporânea brasileira. É teórico-ativista no Coletivo 28 de Maio, com Mariana Pimentel/Profª IART-UERJ, sua companheira. E o mais importante: é Pai de Valentina, Joaquim e Zoé.
Amélia Conrado
Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Especialista em Coreografia pela Escola de Dança da UFBA. Professora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Membro Pesquisador dos Programas de Pós-Graduação em Dança e Mestrado Profissional em Dança. Possui autoria nos repertórios do Balé Folclórico da Bahia, Bloco Afro Ilê Aiyê e trabalhos independentes. Tem livros e artigos publicados na área da Dança, Educação e relações étnico-raciais. É líder do GIRA: Grupo de Pesquisa em Culturas Indígenas, Repertórios Afro-Brasileiros e Populares.
Janaína Oliveira
Pesquisadora e curadora, Janaína Oliveira é doutora em História, professora no IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro), e Fulbright Scholar no Centro de Estudos Africanos na Universidade de Howard, em Washington D.C. nos EUA. Atualmente é curadora do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul (RJ) e do FINCAR (Festival Internacional de Realizadoras / PE). Em 2019 realizou a mostra “Soul in the eye: Zózimo Bulbul’s legacy and the Contemporary Black Brazilian Cinema” no IFFR – International Film Festival Rotterdam. Foi também consultora de filmes da África e da diáspora negra para o Festival Internacional de Locarno (2019-2020). Faz parte da APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro). É idealizadora e coordenadora do FICINE, Fórum Itinerante de Cinema Negro e é a programadora do Flaherty Film Seminar (EUA) para 2020/21.
Sobre a Escola
O Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, ligada à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, sob gestão do Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há sete anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
Serviço
O que: “Arte, história e contemporaneidade dos povos negros integram a programação do Porto Iracema para a Semana da Consciência Negra”
Quando: 17 a 20 de novembro (quarta a sexta-feira), sempre às 15h
Onde: Canal do Youtube e Facebook da Escola Porto Iracema das Artes
Equipe de Assessoria de Comunicação do Porto Iracema das Artes | Texto: Rafaela Leite (estagiária) | Supervisão e edição: Raphaelle Batista
Publicado em 13/11/2020