Escola de Formação e Criação do Ceará

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“Ponto Cego”, filme desenvolvido no projeto Directors’ Factory Ceará Brasil, vence prêmio nacional de cinema

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Ambientado em Fortaleza, “Ponto Cego” conquistou o Troféu Redentor de “Melhor Curta-Metragem” da Première Brasil: Novos Rumos, no Festival do Rio, na noite deste domingo (12)

Luciana Vieira e Marcel Beltrán celebram conquista do Troféu Redentor

(Foto: Divulgação)

Desenvolvido pela cearense Luciana Vieira junto ao cubano Marcel Beltrán, o filme “Ponto Cego” venceu a categoria “Melhor Curta-Metragem” da Première Brasil: Novos Rumos, do Festival do Rio, neste domingo (12). A produção é fruto do projeto Directors’ Factory Ceará Brasil, realizado a partir do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará) e o Festival de Cannes. A articulação envolve a Escola Porto Iracema das Artes e o Museu da Imagem e do Som do Ceará – que integram da Rede Pública de Espaços Culturais (RECE) e conta com parceria do Instituto Mirante de Cultura, do Instituto Dragão do Mar (IDM) e da produtora Cinema Inflamável.

Ambientado em Fortaleza, “Ponto Cego” acompanha Marta, engenheira responsável pelas câmeras de segurança do Porto do Mucuripe. No filme, o local é  um ambiente onde mulheres silenciadas convivem com o anonimato e o desprezo. Ao longo do curta, a protagonista decide romper o silêncio presente no ambiente de trabalho.

Para Luciana Vieira, a vitória na premiação demonstra como o filme consegue conectar pessoas de diferentes localidades à capital cearense: “A sensação é de muito orgulho, sabe? É muito bom sentir que o filme também está se conectando com as pessoas do nosso país, porque é a nossa cidade que está sendo exposta. O filme mostra a orla de Fortaleza, mostra o ambiente do Porto do Mucuripe e parte de questões que nascem ali, interpretado por atrizes e atores da cidade, a partir de uma visão muito interna de quem habita esse espaço.  Então, dá muito orgulho sentir que isso que a gente está produzindo aqui, em Fortaleza, reverbera em pessoas que não têm, necessariamente, relação com esse espaço”.

A diretora cearense também destaca a honraria como uma conquista não somente para “Ponto Cego”, mas para o setor audiovisual do Ceará como um todo. “O cinema cearense vive agora um momento de resultados positivos. Um cenário fruto do investimento contínuo nas políticas públicas do audiovisual pelo Governo do Ceará, que, de 2014 a 2024, investiu, por meio da Secretaria da Cultura, R$129,7 milhões neste importante campo da economia e identidade cultural”, reforça a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela.

Toda vez que um filme cearense ganha um prêmio como esse, ou se destaca em alguma coisa, a vitória se transforma em uma bola de neve, porque, a partir disso, vários atores chamam a atenção e podem ser convidados para mais trabalhos e os realizadores do estado ganham mais confiança. Então, ganhar esse prêmio cria uma espécie de força coletiva, afirma Luciana. 

DIRECTORS’ FACTORY CEARÁ BRASIL

O filme de Luciana Vieira e Marcel Beltrán foi um dos curta-metragens desenvolvidos no Directors’ Factory Ceará Brasil, programa comprometido com a formação profissional de jovens realizadores e com a criação de produções regionais para o mercado internacional. Além de “Ponto Cego”, a iniciativa também resultou na realização das obras: “A Fera do Mangue”, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel), “A Vaqueira, A Dançarina e O Porco”, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal), e “Como Ler o Vento”, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França). Gravados e ambientados em Fortaleza, os curtas foram exibidos no Festival de Cannes, em maio. 

Padrinho desta edição no Ceará, o diretor Karim Aïnouz tem uma longa travessia na formação de audiovisual, por meio do Laboratório de Cinema CENA 15 da Escola Porto Iracema das Artes. Segundo ele, “foi uma coisa muito bonita o que aconteceu com esse projeto em Cannes esse ano. Foi a gente que levou esses realizadores pra Cannes, foi o Ceará que levou. Não foram os europeus que nos levaram. E isso mostra uma mudança de eixo importante. Fomos pela nossa força. Termos a estreia nacional do Directors’ Factory no Cine Ceará, justamente quando o festival completou 35 anos de edições ininterruptas, é um acontecimento muito simbólico. É afirmar que o Ceará não é apenas palco, mas motor vital do cinema brasileiro.”

Fundado em 2013 e com passagens por países como Dinamarca, Chile, Taiwan, Portugal, África do Sul, Filipinas e Finlândia, o Directors’ Factory é dedicado a descobrir talentos do audiovisual em todo o mundo. Na edição deste ano, realizada no Ceará após uma década sem edições na América Latina, a iniciativa envolveu diretamente mais de 140 profissionais cearenses do setor cinematográfico, incluindo roteiristas, diretores, produtores, diretores de arte, fotógrafos, montadores, atores e técnicos, além de diversos fornecedores.

CINEMA FEITO NO CEARÁ E SEUS RESULTADOS NO BRASIL E NO MUNDO

Internacionalização e nacionalização: Ações como Directors’ Factory Brasil e CineFabrique – escola que tem sedes em Lyon e em Marseille (França), e está em diálogo com a Porto Iracema e o MIS Ceará na perspectiva de abrir uma escola de audiovisual no Ceará.

Circulação: Em 2024, o filme cearense “Motel Destino” (Karim Ainouz) integrou a lista oficial do Festival de Cannes, na disputa da Palma de Ouro, um dos prêmios mais cobiçados do cinema internacional. No mesmo ano, sete filmes cearenses estiveram em cartaz ao mesmo tempo, no circuito exibidor, um fato inédito no País para estados fora do eixo Rio/São Paulo.

Acesso: Desde agosto, o público acessa gratuitamente a Siará+, plataforma de streaming dedicada ao cinema feito no Ceará e por cearenses. Nesta semana, a partir de 15 de outubro, a Secult Ceará realiza a Mostra Siará Cinema com exibição de 32 filmes desenvolvidos com investimentos públicos. Com o Cineteatro São Luiz e Cinemas do Dragão, a população cearense conta com quatro salas públicas de cinema, que oferecem rica programação para todas as idades. E o projeto “Cinema da Cidade”, que abrirá novas salas em Aquiraz, Canindé, Cedro, Crateús, Itaitinga e Tauá.

Formação e documentação: Escola Porto Iracema das Artes, Centro Cultural Bom Jardim e Hub Cultural Porto Dragão contam com cursos básicos, técnicos e laboratórios. O MIS Ceará cuida da preservação e digitalização do nosso acervo, da memória audiovisual cearense.

Nesta perspectiva, a Secult Ceará tem articulado várias iniciativas e frentes de trabalho que credenciam o Audiovisual como importante vetor da economia criativa, gerando postos de trabalho e aquecendo o mercado da produção cinematográfica.

SOBRE O MUSEU DA IMAGEM E DO SOM

O MIS CE está envolvido em um processo de recuperação e digitalização de um acervo que abrange cerca de 45 anos de história cultural, sonora e audiovisual. Este projeto é de extrema importância, pois visa não apenas preservar o vasto patrimônio já existente, mas também torná-lo acessível ao público, aos pesquisadores e às futuras gerações. Com equipamentos de última geração para atuar na conservação, digitalização, restauro digital e exposição de acervos imagéticos, sonoros e audiovisuais, o MIS Ceará é hoje um dos museus mais avançados da América do Sul.

SOBRE A PORTO IRACEMA DAS ARTES

A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há nove anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.