A Associação Coletivo SouL, com o apoio do Itau Rumos Cultural, e em parceria com a Baião de Dois Filmes, Porto Iracema das Artes, Instituto Dragão do Mar e a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, lança no 07 de outubro de 2016 sua mais nova pesquisa artística intitulada: Un-Dead: Desmortais do Inominável, que tem como objetivo traduzir e encenar, pela primeira vez no Brasil (na América Latina), a peça “Drácula: Or The Undead” de Bram Stoker.
Em torno de Drácula, com seus lobos, florestas, monstros e representações atribuídas ao distante Leste Europeu, Abraham Stoker (1847-1912) produziu um imaginário particular do mito vampiresco aos descendentes invocados de Roma. Transpôs a fronteira da realidade sombria às montanhas remotas da Transilvânia (as extremidades na dominação dos Habsburgos), onde as forças do mistério e da magia pareciam ainda desafiar à razão no horizonte político- civilizatório daquele Império Inglês, Colonialista e Industrial. Apresentados ao universo da literatura e dramaturgia no Período Vitoriano, com recorte particular na ficção de (terror) gótico, fantástico ou sobrenatural, tanto o romance, como a peça de teatro de Stoker, inauguram o desmorto para condensar o oblíquo, o marginal, o corpo, o sangue, o fantasma, o terror, a possessão, a morte, o silêncio, a ausência, a entropia de um tempo, de uma história, de uma estética, de um mundo.
Com uma proposta conceitual que supera a ideia de “morto-vivo” difundida na referência de massas ocidental, o vocábulo Undead discorre modalidades culturais e interpretativas entre os binários morte-vida, sob novas luzes relacionais, abordando perspectivas antropológicas, bem como filosófica, mágica, mitológica, psicanalítica e ritualística, mas, sobretudo, destaca-se pela sensibilidade artística que lhe é conferida, capaz de produzir outras experiências da des- mortalidade, narrativas sob o toque da criação que reinventa mundos na relação do Humano com o Mistério. A pesquisa pretende mapear, discutir e apontar questões nessa demarcação do mistério, da magia e do ritual nas artes, especialmente naquelas possibilidades de questionar camadas ainda invisíveis da morte e sua presença abissal. Como diferentes linguagens vêem à ARTE na fronteira da vida e da morte?
SERVIÇO:
06/10 – 19h: Lançamento do filme “Remições do Alto Rio Negro”, de Erlan Souza, seguido de debate com o realizador, no Auditório do Porto Iracema das Artes.
Dr. Erlan Souza
Mestre e Doutor em Antropologia de Iberoamérica pela Universidade de Salamanca, Espanha, com ênfase em Etnologia Indígena. Possui mais de 15 anos em pesquisas com povos indígenas da Família Linguística Tukano, do Alto Rio Negro, Noroeste Amazônico, Brasil.
Recentemente concluiu pesquisa sobre noções de Identidade, Alteridade e Alteração entre grupos Tukano que migram para a cidade de Manaus, e está realizando pesquisa sobre xamanismo Tukano na cidade. Também fotógrafo e documentarista, já esteve fazendo várias coberturas sobre Conflito e Religião no Oriente Médio, além de situações de vulnerabilidade social na Amazônia.
Diretor Executivo da RIZOMA Audiovisual, realiza documentários sobre questões amazônicas, tentando atualizar aquilo que se convencionou chamar de “cinematografia etnográfica”.
07/10 – 14h: Diálogo – Literatura e Antropologia do Alto Rio Negro, com Erlan Souza e Carlos Emílio Correa Lima, mediado por André Feitosa, na Universidade Federal do Ceará, no Centro de Humanidades – Psicologia. (Carlos Emílio Lima é escritor, graduado e mestre em Letras (UFC), doutorando em Letras sobre as cosmogonias existentes nas comunidades indígenas do Alto Rio Negro (UFRN) / André Feitosa é psicólogo (UNIFOR), com mestrados em Relação de Ajuda (Univ. Aut. de Lisboa) e Saúde Pública (UFC). Trabalha com linguagens artísticas e filosóficas das Sombras).
19h: Lançamento e partilha da pesquisa Undead, da Associação Coletivo SouL, no Auditório do Porto Iracema das Artes.
*Programação gratuita.
