Escola de Formação e Criação do Ceará

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O Porto Iracema como casa e o palco como sonho: conheça a história de Pedro Almeida

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Foto: Alan Sousa

A trajetória do jovem Pedro Almeida em busca do sonho de ser ator passou pelo Curso Básico de Artes Cênicas, durante o ano de 2019. No Porto Iracema das Artes, ele conta que aprendeu muito mais do que as técnicas de atuação. Ganhou amigos e aprendeu que todos precisam uns dos outros.

Por Glauber Sobral

Em um rápido bate-papo, é fácil perceber o encantamento de Pedro Almeida, 24 anos, ao falar de seus sonhos. Como tantos jovens cearenses, ele quer viver de arte. O discurso toma força em suas projeções. “Quero um dia chegar à TV, trabalhar em novelas e também em filmes”, aponta. Pedro é persistente, compromissado com a ideia de realizar-se profissionalmente. Conta que, além das aulas de teatro, estuda e pesquisa sobre artes cênicas e consome “muito, muito mesmo, tudo o que é importante pra formação artística”. Também canta e gosta de desenhar.

Essa veia saltou ainda na infância, nos tempos de Ensino Fundamental, e sempre teve foco nas artes cênicas. Em suas apresentações escolares, a espontaneidade diante do público era destaque. “Desde pequeno, ele estava presente em todas as atividades do colégio. Lembro especificamente de uma apresentação em que ele dançava com uma menina em uma festa de São João. Ele chegou para o público e o reverenciou, tirou o chapéu, uma ação que não estava no script. Ele veio junto com a garota, reverenciou novamente a plateia e tirou mais uma vez o chapéu, arrancando aplausos de todos presentes”, conta, orgulhosa, a mãe Suany Almeida. Ainda hoje, o aluno-ator não titubeia em “se amostrar” para uma plateia, ela diz.

O tesouro maior que Pedro guarda vem da família. Das memórias repartidas com seu irmão, dos conselhos que absorve da mãe e da alegria e afetividade que transfere para o pequeno primo de 2 anos. O sorriso de canto de boca enlarguece quando a conversa toma o rumo da importância de seus familiares no sonho de tornar-se um “ator famoso”. A força que emana dessa base é um incentivo. “Eles são tudo para mim. Não sei como seria minha vida sem eles”, destaca o jovem.

Paixão que move

Pedro não recorda, exatamente, como acendeu sua paixão pelo teatro, mas a partir do momento em que percebeu que fazer arte era uma escolha, e que ainda tinha o apoio da família para isso, buscou formações na área. O jovem participou de vivências no ambiente escolar, fez cursos de teatro, mas foi no Porto Iracema das Artes, em 2019, que ele sentiu-se “mais à vontade”. “Estar aqui é a melhor coisa, me sinto em casa. É como você sentir que está na sua casa, entendeu?”.

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Foto: Alan Sousa

Foi uma amiga de dona Suany que falou sobre os percursos formativos que o Porto Iracema das Artes disponibiliza. Assim que soube, o interesse saltou aos olhos de Pedro. O jovem acessou o site da Escola, pesquisou sobre as formações artísticas da instituição e convidou a mãe para conhecer o espaço. O fascínio foi instantâneo. Ele participou do percurso Práticas do Ator, que incluía os módulos Poéticas Vocais, Poéticas Corporais e Poéticas da Criação.

Na Escola, Pedro construiu uma relação de parceria. É aqui que ele troca vivências e vê seus sonhos criarem asas. Nos espaços do Porto Iracema, ele conta, aprendeu ainda mais a respeitar as individualidades e as potencialidades do outro, especialmente dos colegas com quem divide cena. Aqui é onde ele se sente integrado, onde as diferenças são vivenciadas e festejadas. “Aqui aprendi que cada um tem seu jeito de ser, de se vestir, de escolher. Aprendi que a gente tem que respeitar o lado da pessoa, porque a gente não sabe o que ela já viveu”, diz.

“Eles não me tratam como ‘especial’”

Pedro, que tem paralisia cerebral leve (deficiência que atrasa o aprendizado e dificulta ações motores finas), ressalta a importância da formação para além do conhecimento técnico. “Acredito que os módulos foram importantes na melhoria da minha socialização e em outras coisas, pois essas atividades me ajudaram muito”, valoriza.

Mas quer ver os olhos de Pedro brilharem mesmo? Fale do palco e de seus colegas de cena, que estrearam junto com ele no espetáculo “Corpo Pedrado” durante a Mostra de Artes do Porto Iracema em dezembro do ano passado e, em fevereiro de 2020, se apresentaram em espaços como Cineteatro São Luiz. “Eles não me tratam como ‘especial’, me tratam como amigo deles”, alegra-se enquanto aplaude seus parceiros.

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Estreia de “Corpo Pedrado” no Teatro Dragão do Mar, em dezembro de 2019, durante a Mostra de Artes do Porto Iracema (MOPI). Foto: Rafaela Leite

Para a mãe, Suany, que o acompanhou desde o início dessa aventura que é se fazer artista, o convívio com os alunos do percurso também fez com que o sonho virasse realidade. “Aliás, ele já se reconhece artista”, conta.

Assista também a entrevista com Pedro Almeida no vídeo realizado pelo Núcleo de Audiovisual do Porto Iracema das Artes, o Nave.