Escola de Formação e Criação do Ceará

Gil Rodriguês

Gil Rodriguês: um ator que investiga o corpo, a dramaturgia e a memória

Por Eduardo Sousa

 

entrevista com gil rodrigues aluno danoa e teatro do porto. fotos joyce s. vidal 19

Há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia”. Esta frase integra o texto de “Hamlet”, obra do escritor, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare que arrematou o coração de Gil Rodriguês, 25, hoje ator formado em Artes Cênicas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Foi ao assistir uma versão da peça shakespeariana na semana cultural da sua escola, em 2001, que o então menino Gil teve o primeiro contato com a dramaturgia e o mundo do teatro. Arte que, segundo ele, influenciou sua formação como ser humano.

Esta é umas das diversas histórias que Gil conta quando é questionado sobre como nasceu o desejo de fazer teatro. Outra é a experiência de tomar um ônibus sozinho para ir, pela primeira vez, ao Theatro José de Alencar (TJA) assistir a apresentação de um amigo. Em 2012, ele entrou na licenciatura de Teatro e, por meio da academia, o interesse pelas artes cênicas só aumentou, assim como a certeza de que estava no caminho certo: ele seria ator.

A partir da inserção no teatro, Gil Rodriguês passou a alcançar outras experiências e expertises que, antes, não faziam parte do seu cotidiano. Agora era um jovem fazendo o que acreditava ser o “xis” da questão que todo mundo escuta na infância: o que você vai ser quando crescer? Com a faculdade, Gil foi experimentando o ser ator e confirmando a vocação com as descobertas, experimentações, técnicas, conceitos, prós e contras daqueles que trabalham com o utópico mundo das artes.

VIVÊNCIAS NO PORTO

Na escola Porto Iracema das Artes, teve a oportunidade de trabalhar o processo criativo do teatro não só a partir do palco, mas também no figurino, na iluminação, e em contato com outras linguagens, como artes visuais e audiovisual. Em 2016, integrou o elenco da peça “Todos Seremos Mãe”, fruto do percurso formativo “Práticas do Ator”, do Curso Básico de Artes Cênicas do Porto.

entrevista com gil rodrigues aluno danoa e teatro do porto. fotos joyce s. vidal 96

Para ele, foi uma grande experiência trabalhar com grandes profissionais cearenses. “Tanto o Preamar quanto o curso foram experiências magníficas por me fazer trabalhar com profissionais como o ator Murilo Ramos. Ter esse contato é uma forma de afirmação do meu trabalho, do que eu faço, é perceber as pessoas que estão na minha cidade lutando, resistindo e vivendo de arte. Isso é uma inspiração”, diz Gil. Hoje, ele é um dos artistas-pesquisadores do projeto “O Retorno a Juberlano”, que integra a edição 2017 do Laboratório de Teatro do Porto.

Com o corpo e a dramaturgia no centro das atenções de suas pesquisas e investigações artísticas desde a faculdade, Gil Rodriguês alia sua arte à prática da acrobacia. “Foi a partir da acrobacia que eu comecei a perceber melhor o meu corpo. Esse contato foi essencial até mesmo para perceber o meu corpo no espaço, tanto enquanto ator quanto como Gil. Perceber esse corpo, ter um estudo mais profundo sobre ele, ajuda nas relações humanas e dá uma poética maior ao espetáculo”, afirma. De 2015 até este ano, Gil ministrou no Curso de Princípios Básicos (CPBT) do TJA a oficina “Corpo Espaço”, onde trabalha a consciência corporal.

NOVOS MARES

entrevista com gil rodrigues aluno danoa e teatro do porto. fotos joyce s. vidal 75

Para o futuro, o jovem ator – que também é brincante do grupo Maracatu Solar e compõe o corpo técnico da Cia. Solar de Dança – espera cada vez mais pôr em prática tudo o que vem aprendendo, do ambiente acadêmico ao Porto Iracema das Artes, uma escola de artes focada em criação, a fim de continuar suas pesquisas no teatro e, claro, aproveitar as oportunidades que surgem na cidade.

Eu pretendo continuar minha pesquisa acadêmica e praticar mais, fazer mais espetáculos, brincar muito o meu maracatu. A escola Porto Iracema das Artes abre um vasto caminho para se aprofundar na linguagem artística que está sendo estudada por nós. A escola tem que existir sempre. É necessária, é resistência, é luta, é fundamental para que outras pessoas tenham esse contato com a arte, é necessário abrir essa reflexão para as pessoas e por meio da arte isso é possível”, conclui.

Conheça um pouco mais sobre a história do ator Gil Rodriguês no vídeo abaixo: 

 

Publicado em: 22/11/2017