Escola de Formação e Criação do Ceará

DUPLO (2)

‘Feito Pipa’, filme estrelado por Lázaro Ramos em Quixadá, nasceu em laboratório da Porto Iracema das Artes

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(Foto: Divulgação/Lucas Bessa)

Com Lázaro Ramos, filme tem direção de Allan Deberton e roteiro de André Araújo, ex-participantes do Lab Cena 15

Estrelado por Lázaro Ramos, o longa “Feito Pipa” foi desenvolvido nos Laboratórios de Criação da Porto Iracema das Artes – Escola de Formação e Criação do Ceará que integra a Rede Pública de Equipamentos da Secretaria de Cultura do Ceará (Rece), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar. O filme, fruto da parceria entre o roteirista André Araújo e o diretor Allan Deberton, foi um dos projetos selecionados para a 7ª edição do Laboratório Cena 15 de Cinema da Escola, em 2019.

De acordo com Araújo, a ideia que deu origem à produção surgiu há cerca de 10 anos, durante uma viagem para o Rio Grande do Norte, quando conheceu as ruínas da antiga cidade de São Rafael, inundada para a construção de um reservatório. O local inspirou o enredo do filme, pautado por temas como passado, identidade e relações familiares.

Em “Feito Pipa”, o público acompanha a história de Gugu, um menino queer, talentoso no futebol, que vive com a avó Dilma em uma pequena cidade cercada por uma barragem. Quando o reaparecimento da cidade submersa faz os traumas da mulher emergirem, agravando o Alzheimer com o qual ela convive, o protagonista precisa lutar pela memória da avó para não ter que morar com o pai, que não o aceita.

Os conceitos iniciais e o roteiro da história foram lapidados durante a participação da dupla de cineastas no Lab Cena 15, Laboratório de Cinema da Porto Iracema das Artes, experiência classificada pelo roteirista como “transformadora” para o longa.

“O Laboratório de Cinema foi transformador para ‘Feito Pipa’. As consultorias me incentivaram a trazer a história ainda mais para perto de mim, a mergulhar nas emoções que ela evocava e a torná-la um espelho das minhas vivências. Além disso, o processo foi uma constante redescoberta. Escrever é, acima de tudo, reescrever. Cada etapa do laboratório confrontou minhas ideias e me fez refletir sobre o que realmente importava na história”, conta André.

Deberton reforça a fala do colega, explicando que a passagem pelo laboratório incentivou um amadurecimento da trama inicial: “O processo com o laboratório ajudou a amadurecer e complexificar a ideia original, além de confirmar certas apostas e desejos fundantes do projeto”.

Além de importante para a elaboração do enredo, a experiência no programa laboratorial também foi fundamental a construção profissional de Araújo. Segundo o roteirista, o espaço o forneceu as ferramentas necessárias e o colocou em contato com cineastas experientes, com quem pôde trocar experiências e aprendizados.

“O Lab Cena 15 não só me forneceu ferramentas técnicas e criativas, mas também me abriu portas, como a oportunidade de integrar a Incubadora Paradiso. Eu também tive a oportunidade de conhecer e trocar com grandes nomes do nosso cinema, de quem sempre fui fã, como Karim [Aïnouz] e Sergio Machado. Mais do que isso, o laboratório me ajudou a entender que o cinema é uma construção coletiva, mas que parte de um lugar muito íntimo e pessoal”, conta.

Gravado em Quixadá, no interior do Ceará, “Feito Pipa” tem direção de Allan Deberton e roteiro de André Araújo. O elenco conta com nomes como Lázaro Ramos, Teca Pereira, Yuri Gomes, Georgina Castro, Carlos Francisco, Alda Pessoa, David Santos e Neidinha Castelo. A previsão é que o longa chegue aos cinemas em 2025.

SOBRE “FEITO PIPA”

A trama gira em torno de Gugu (Yuri Gomes), um menino queer, talentoso no futebol, que vive com a avó Dilma (Teca Pereira), em uma pequena cidade cercada por uma barragem. Ele desafia as expectativas de gênero tanto no campo, onde se destaca com sua habilidade, quanto fora dele, ao expressar livremente sua identidade em um ambiente conservador. O reaparecimento da cidade submersa faz os traumas de Dilma emergirem, agravando o Alzheimer com o qual ela convive silenciosamente. O esquecimento de Dilma coloca em risco o mundo de Gugu. Para não ir morar com o pai (Lázaro Ramos) que não aceita o seu jeito de ser, Gugu precisa lutar para manter viva a memória da avó.

SOBRE OS LABORATÓRIOS DE CRIAÇÃO

São espaços de experimentação, pesquisa e desenvolvimento de projetos culturais em cinco linguagens: Artes Visuais, Audiovisual, Dança, Música e Teatro. Funcionam em regime de imersão, por meio de processos formativos de excelência, desenvolvidos em torno das propostas previamente selecionadas. Os artistas recebem orientação de tutores e tutoras, que conduzem à qualificação dos projetos por meio de orientações individuais, além de oficinas, palestras e masterclasses pelo período de sete meses. Os laboratórios funcionam em regime de imersão, através de processos formativos de excelência, desenvolvidos em torno de propostas previamente selecionadas. Durante esse tempo, os artistas selecionados recebem ajuda de custo para que possam se dedicar integralmente ao desenvolvimento de suas propostas. Ao longo de onze edições, de 2013 a 2024, 699 artistas passaram pelos Labs e 285 projetos foram selecionados.

SOBRE A ESCOLA

A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, equipamento da Rede de Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há onze anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.

Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes | Texto: Isabella Rifane | Supervisão e Edição: Gabriela Dourado (jornalista)