Escola de Formação e Criação do Ceará

Mostra Especial-12

Banda Jonnata Doll & Os Garotos Solventes lança 1º album na Mostra Especial

Mostra Especial-12

Jonnata Doll & Os Garotos Solventes fazem show no Anfiteatro do Dragão do Mar no dia 1º maio às 21h. Denominada “O mundo contra nós”, a apresentação da banda do Laboratório de Música faz parte da Mostra Especial do Porto Iracema das Artes nos 15 anos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Além de apresentar um repertório trabalhado durante os meses do Laboratório, Jonnata Doll e Os Garotos Solventes lançam o seu álbum de estreia.

Confira entrevista com o baixista Saulo Raphael sobre a experiência no Laboratório de Música e a cena musical cearense.

Como começou a banda?

Saulo Raphael: A banda começou em 2009 em cima dos espólios da “Kohbaia” (banda que o Jonnata formou em 1997 ou 1998, na qual eu entrei em 2003). Por espólios pode-se entender Jonnata Doll, Saulo Raphael e mais um punhado de boas músicas; sendo assim, nos juntamos com uns amigos para formar uma banda mais adequada, apropriada, estável, confiável, conveniente. era essa a vibe. A vibe era transformar a coisa em um “trampo” organizado, mesmo que com certos sacrifícios estéticos. Pelo menos era isso que eu e Jonnata pensávamos na época, mas aí a “coisa” saiu melhor que a encomenda e a nova banda se demonstrou bem superior a Kohbaia, na maioria dos aspectos relevantes. Não tivemos perdas estéticas, apenas ganhos.

Por que decidiram inscrever o projeto no Edital dos Laboratórios de Criação da Escola Porto Iracema das Artes?

SR: A banda, apesar de bem melhor que a Kohbaia, ainda possuía deficiências no tocante a produção de shows e gravações. Acreditávamos que esse curso nos daria a oportunidade de nos profissionalizarmos ainda mais, pois temos interesse em nos tornas músicos profissionais no sentido estrito da palavra: viver de música. E como foi demonstrado até agora esse curso caiu como uma luva; lições de valor inestimável nos foram ensinadas no decorrer desses 7 meses, e como exemplo disso, tem o fato de eu mesmo estar produzindo o disco da grande banda da zona oeste da cidade “Glauco King and the Western Wolves”. Essa experiência vai ser fundamental para, no futuro, podermos entender o que nossos produtores estão fazendo quando produzem nossos discos, e assim até poder ajudar de alguma forma.

Como é a experiência de poder ser tutorado pelo Alexandre Kassin?

SR: O Kassin é um dos maiores produtores do Brasil atualmente. Um dos grandes mesmo. Isso dava uma sensação boa, era tipo: “Nossa, o Kassin vai ser nosso tutor!”. Isso era uma coisa bem inesperada tempos atrás, por isso eu digo que essa banda saiu melhor que a encomenda. Nós não o conhecíamos e ficou aquela incógnita de como seria o primeiro contato, e, obviamente, aquela insegurançazinha que sempre dá no começo de um projeto desse vulto. Mas a verdade é que tudo foi tão tranquilo. Logo no primeiro contato percebemos que o Kassin era um cara super de boa, com um sensor de humor ótimo, muitíssimo inteligente e um profissional de alto gabarito, que de fato abraçou nosso projeto com muito apreço. Ele acredita na “coisa”, nos ensinou vários “segredos” de produção de um disco, nos ensinou coisas como trabalhar a estrutura de uma música no tocante a arranjos, por exemplo. Kassin hoje é um amigo de todos nós, um cara daqueles que vale a pena você conhecer na vida, ele tem muita experiência no ramo, muitas histórias para contar, muita coisa pra nos passar e com certeza estamos ávidos por tudo isso.

Como a escola e a sua estrutura material e de aprendizado contribuiu no trabalho de vocês?

SR: O fato de termos ensaiado em estúdios de qualidade como o Ararena, nos deu mais acuracidade na execução das músicas e também nos ajudou a fixar os arranjos, pois gravávamos as músicas. No entanto, o estúdio da própria escola nos ajudou muito, ele está sempre disponível e de graça, até, infelizmente, acabar o curso. Eu sei que no futuro a escola terá seu estúdio com mesa de gravação e isso vai facilitar ainda mais a vida dos alunos, mas, enquanto essa estrutura não está pronta, a escola se esforçou em alugar os melhores espaços disponíveis para todos nós. Isso é bom porque, além de nos ajudar a ser uma banda “redonda”, ainda dá uma autoestima legal.

Como foi o processo de criação do primeiro CD?

SR: Yuri Kalil também é um dos mais respeitados produtores do Brasil, tendo trabalhado com grandes nomes como Céu e Cidadão Instigado. O trabalho dele em nosso primeiro disco foi fenomenal. Ele deu ideias geniais para mudarmos o arranjo de algumas músicas por completo. (O) que deu super certo, como foi o caso de “Rua de Trás”. Ao escutar a faixa “Esperando Por Você”, você tem uma revelação do talento de Kalil. Em resumo, esse disco, para mim, ficou fenomenal, é um debut de responsa. Obra de pessoas realmente compromissadas com seu trabalho.

Alexandre Kassin é o produtor do segundo CD. O processo de trabalho sofrerá alguma mudança, agora que ele não será apenas o tutor de vocês? Quais diferenças vocês já podem perceber?

SR: Kassin, na verdade, entra para somar na velha fórmula. Ele divide a produção com o Yuri Kalil de igual para igual. A banda é a mesma, o estúdio o mesmo, o gravador (dono do estúdio) é o mesmo, o estúdio de mixagem e pós-produção será o mesmo. […] Seria legal que tudo fosse da mesma forma, apenas com a adição do Kassin. O que é legal, pois o primeiro disco deu certo, e acredito que aquela máxima do futebol de que “time que tá ganhando não se meche” funciona bem aqui, até porque o domínio do processo de produção parece ter sido estabelecido nesse disco. […] O estúdio Magnólia (estúdio de gravação em Fortaleza) não deixa nada a dever a nenhum bom estúdio no Brasil. Estamos bastante felizes em gravar lá. Ele contempla bem nossas expectativas. E sem ufanismo bobo, é aqui em Fortaleza. Eu acho legal esse lance de gravarmos aqui, de sermos auto-suficientes nesse quesito. Só falta a cena local crescer e acompanhar todo esse boom de criatividade que existe no Ceará, que infelizmente fica restrita a uma parcela muito pequena da população.

Que tipo de suporte vocês acham que as bandas locais precisam ter para “decolar” no cenário musical, tanto cearense quanto nacional?

SR: Não é muita coisa não, basta fazer como Recife, onde as pessoas lotam praças para ver suas bandas, onde as pessoas amam sua cena. […] O Ceará não é só isso (forró). Ele é plural, ele faz música boa em todos os nichos, mas o poder (público) parece se preocupar quase que exclusivamente com uma coisa só. E o mais irônico é que quando tem um festival local patrocinado pelo poder público ele sempre se apoia nas bandas de Recife, Lenine ou no Zeca Baleiro, em vez de dar valor a nossas bandas daqui. Está na hora de um grande show do aterro ter o Verônica Decide Morrer como atração principal, em vez do Nação Zumbi! As bandas daqui tem que começar a tocar nas rádios. Não naqueles programas de banda local, que são úteis mas deixam a coisa com cara de gueto, mas em uma rádio grande!

Quais são os planos para o futuro?

SR: Acabamos de gravar o segundo disco com a produção de Alexandre Kassin e Yury Kalil, no estúdio Magnólia, o mesmo estúdio que gravamos o primeiro disco, e isso com ajuda do Dragão do Mar através do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes. E voltando ao papo do suporte que as bandas precisam ter para decolar, eu queria dizer muito obrigado ao Dragão do Mar por isso, e dizer ao governo do Estado para sempre montar um equipe compromissada com a verdade, como essa que temos no Porto Iracema das Artes hoje. E nunca esquecer que a música alternativa cearense, de um modo geral, precisa desse apoio, pois tem muito talento escondido por falta de estrutura. Nós, Garotos Solventes, somos um exemplo de que isso funciona. Esse projeto do Porto Iracema tem que continuar a todo o vapor. Esse ano espero ver ainda mais bons projetos contando com o mesmo apoio que recebemos nesses últimos meses, pois assim poderemos ter alguma esperança de vários projetos musicais sair da nossa velha, cansada e pequena cena underground para o Brasil, e quem sabe para o mundo! Voltando aos Garotos Solventes, eu posso dizer que temos aí o lançamento de nosso primeiro disco homônimo aqui em Fortaleza (já tínhamos lançado ele no Rec Beat de Recife, durante o carnaval) no show de encerramento do Laboratório de Música do Porto Iracema. Vamos passar o ano trabalhando em cima desse disco para no final do ano estarmos lançando o segundo e, quem sabe, gravando o terceiro.

Assista entrevista com o produtor musical Kassin sobre o seu trabalho com o Jonnata Doll & Os Garotos Solventes:

SERVIÇO

Jonnata Doll & Os Garotos Solventes apresentam o show “O mundo contra nós”

Quando: 1º de maio às 21h

Onde: Anfiteatro do Dragão do Mar

Atenção: Os ingressos, que serão gratuitos, poderão ser retirados no dia do espetáculo, a partir das 12h, na bilheteria do Planetário.
É necessário apresentar identidade ou qualquer outro documento oficial com foto.
Será permitido apenas a retirada de 2 ingressos por pessoa para cada espetáculo.

Não será permitida a entrada de menores de 12 anos, no Anfiteatro, mesmo acompanhado dos pais e/ou responsáveis.
Menores que tenham de 12 a 17 anos podem entrar no Anfiteatro, desde que acompanhados dos pais e/ou responsáveis (ambos portando documentos de identificação) ou com autorização por escrito dos pais e/ou responsáveis legais.