Escola de Formação e Criação do Ceará

Programa de Formação básica
em Audiovisual

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Programa de Audiovisual

Imagens e sons estão presentes em todos os lugares. Em telas grandes e pequenas, em casa, na escola, no trabalho, em espaços públicos, no bolso, na mochila. As imagens e sons muitas vezes surgem sem pedir permissão. Podem nos incomodar, violentar, oprimir e diminuir nosso poder de agir no mundo. Em outros momentos, nos apropriamos de sons e imagens para nos expressar, comunicar, viver, amar e experimentar a vida, o tempo, as relações. O Percurso Básico em Audiovisual convida os participantes a construírem experiências audiovisuais individuais e coletivas a partir de seus próprios contextos, recursos e equipamentos disponíveis. Através dessas experiências, orientadas por artistas de diversas áreas, são apresentadas as múltiplas possibilidades de criação audiovisual no mundo contemporâneo, em três eixos, independentes e complementares – Visualidades, Sonoridades e Montagens.

Nos encontros de Visualidades, compartilham-se conhecimentos sobre fotografia estática e em movimento, explorando experiências relacionadas ao ambiente em que vivemos, ao corpo, ao território e à memória. As aulas abordam saberes técnicos e usos criativos da câmera, combinando-os com discussões sobre a imagem e seus desdobramentos éticos. Nesse sentido, o aprendizado técnico da fotografia se mantém imbricado às reflexões sobre sua utilização como meio de expressão desde um ponto de vista estético-político. 

O eixo das Sonoridades introduz um complexo universo sonoro presente no meio audiovisual, incitando a atenção às diferentes formas de escutar os sons e suas paisagens. A música, o rádio, os podcasts, os alto-falantes nos carros, as vozes nas feiras, os fones de ouvido no ônibus, os sons em 5.1 nos cinemas – a presença dos sons é constante e tem o poder de nos transportar para outros espaços e tempos. Os sons afetam nosso humor e nossa percepção, ressoando frequências dentro e fora de nós. Os encontros sonoros compartilham métodos e ferramentas para a criação sonora no campo audiovisual e abordam as múltiplas possibilidades dos equipamentos e técnicas de gravação e edição. 

Em Montagens, a edição audiovisual emerge como uma maneira de construir pensamentos, ideias, narrativas e sensações. No dia a dia, fazemos montagens constantemente, muitas vezes sem perceber: combinamos elementos, acessamos conteúdos dispersos, selecionamos o que desejamos – são gestos de montagem que ocorrem em um mundo repleto de informações. A internet e a cultura das redes sociais, assim como a inteligência virtual e as linguagens generativas, funcionam por meio de montagens e edições, permitindo associações, recriações, remixes, amostras, GIFs, memes e uma série de outros formatos baseados em uma lógica de recriação e transformação do que já existe. Aqui são apresentadas algumas ferramentas de edição e métodos de trabalho com materiais filmados ou coletados a partir de arquivos públicos e privados.

Seleção

O Programa de Formação Básica é destinado, prioritariamente, para pessoas entre 16 e 29 de idade, estudantes ou egressos da rede pública, com ensino fundamental concluído. 50% das vagas do cursos são destinadas para pessoas autodeclaradas pretas, pardas, quilombolas, com deficiência, travestis, transexuais e transgêneros. Não é necessário ter experiência anterior em artes para participar. 

Cada percurso das diferentes áreas oferece, em média, 25 vagas. As inscrições são realizadas pelo site da Escola e o processo seletivo pode incluir duas etapas – a primeira consiste na análise da inscrição da pessoa interessada tendo como base os pré-requisitos específicos do curso (explicitados na ficha de inscrição) e os critérios de prioridade da Porto Iracema para o Programa de Formação Básica. A segunda etapa da seleção é a entrevista.

Deo Cardoso

Coordenação

DÉO CARDOSO

Nascido nos EUA, com naturalização brasileira, o roteirista e diretor Emerson Déo Cardoso é radicado em Fortaleza (CE) e formado pelo curso de dramaturgia do Instituto Dragão do Marna mesma cidade. Nos Estados Unidos, Déo concluiu o mestrado na Escola de Cinema da Ohio University, onde venceu o prêmio Billman Fine Arts Award, pelo roteiro do curta Port of Rafts (2005). Após roteirizar e dirigir seis curtas-metragens de ficção e documentários, com destaque para “Pode Me Chamar de Nadí” (2009), Déo Cardoso lançou, em 2021, o drama racial “Cabeça de Nêgo”, eleito o melhor filme de 2021 pela Abraccine (Associação Brasileira de Critica de Cinema), pela APCA (Associação Paulista de Critica de Arte), além do prêmio da crítica de melhor roteiro de 2021 pela ABRA–Associação Brasileira de Autores Roteiristas. O filme também garantiu ao diretor a indicação do prêmio de melhor diretor estreante no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2022. O filme foi licenciado pela plataforma Globoplay, sendo disponibilizado no catálogo. Como roteirista, Déo Cardoso colaborou para a série “Rota 66” (Boutique/Globoplay) e como diretor, integrou a equipe de direção da série “Encantado’s” (Globoplay). Na Porto Iracema das Artes, Déo já participou do Lab Cena 15, no qual desenvolveu o roteiro de “Bolada” e ganhou o prêmio BAL-LAB, garantindo sua participação no Festival de Biarritz, na França, em setembro deste ano. Além disso, foi professor no projeto Porto MIS CinéFabrique, ministrando o módulo de Escrita de Roteiro.