A cantora e compositora encontra a escritora em mesa tematizando liberdade
Há muito em comum entre Helena Vieira e Raquel Virgínia. Artistas e pesquisadoras com atuação de resistência, talento, criatividade e que trazem no corpo a potência de ser mulher trans, as duas estarão no Auditório da Escola na próxima quarta-feira, 09 de outubro, em mais uma edição das Amarrações Estéticas. O evento, que tem como objetivo promover conexões entre os processos criativos desenvolvidos nos Laboratórios do Porto Iracema, promoverá a mesa “Arte Livre: Música e Teatro em tempos de agir”, que inicia a partir das 19h, com acesso gratuito. Os 70 lugares disponíveis serão ocupados por ordem de chegada.
O trabalho de Raquel Virgínia e de Helena Vieira se amarram esteticamente para desatar reflexões e formas de lutar pela arte livre – e pela vida. Não por acaso o mote do disco do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, o qual Raquel integra como cantora e compositora, é Tarântula, denominação do álbum lançado em 2019 pela Universal Music, que concorre ao Grammy Latino este ano na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Tarântula foi a operação policial, que em 1987, perseguiu travestis na cidade de São Paulo. Na banda, Raquel compõe com Assucena Assucena e Rafael Acerbi, grupo formado no curso de História da USP. Ela é tutora do projeto Pulso de Marte, do Laboratório de Música do Porto Iracema, banda formada por Letícia Monteiro, Nathalia Rebouças, Charles Costa e Jefferson Lima.
Já a dramaturga, escritora e ativista Helena Vieira é proponente do projeto “Onde estavam as travestis durante a ditadura?”, no Laboratório de Teatro, com a colaboração dxs artistas Nicole Lessa e Tavares Neto. A proposta realiza uma imersão e investigação artística a partir da perspectiva dos corpos LGBTs nos chamados “anos de chumbo”. A criação artística do grupo questiona e entra na disputa por um saber histórico para construir uma cena de não-ficção.
Sobre Raquel Virgínia
Cantora e compositora paulistana. Desde a adolescência inclinada aos exercícios artísticos, como dança e teatro, aos catorze anos participou como aluna em curso para atores no Teatro Bibi Ferreira e em 2007, aos 18 anos, se mudou para Salvador em busca do sonho de ser cantora de Axé. Depois de ter tido grande contato com a cultura baiana por ter morado por dois anos e meio em Salvador, voltou a São Paulo e ingressou na Universidade de São Paulo no curso de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), em 2011. Ministrou aula por quatro anos de História do Brasil em cursinho pré-vestibular para alunos de baixa renda e participou do NCN – Núcleo de Consciência Negra na USP. Em 2012, ao lado de Rafael Acerbi e Assucena, cria a banda As Bahias e a Cozinha Mineira, e se apresenta pela primeira vez na faculdade. O primeiro álbum, Mulher, foi gravado durante três anos, em meados de 2012 e lançado oficialmente em 2015. Em 2017 lançaram o segundo disco, Bixa (YB Music), vencedor do 29o Prêmio Multishow em duas categorias: Melhor Álbum e Canção Popular. Em 2019 lançou o single Das Estrelas, pela gravadora Universal Music.
Sobre Helena Vieira
Helena Vieira é pesquisadora, transfeminista e escritora. Estudou Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo (USP). Foi colunista da Revista Fórum e contribuiu com diversos meios dê comunicação como o Huffpost Brasil, Revista Galileu (matéria de capa sobre transexualidade), Cadernos Globo (Corpo: Artigo Indefinido), Revista Cult e Blog Agora É que São Elas da Folha de São Paulo. Foi consultora na novela a Força do Querer. Recentemente, foi co-autora dos livros ” História do Movimento LGBT ” organizado por Renan Quinalha e James Green, ” Explosão Feminista” organizado por Heloísa Buarque de Holanda, ” Tem Saída? Ensaios Críticos sobre o Brasil”, organizado por Rosana Pinheiro Machado e ” Ninguém Solta a Mão de Ninguém: Um manifesto de resistência”, da editora Clarabóia. Dramaturga, fez parte do projeto premiado pela Focus Foundation na categoria Artes Cenicas “Brazil Diversity”, em Londres, com a peça “Ofélia, the fat transexual”. Atualmente desenvolve junto ao Laboratório de Criação do Porto Iracema das Artes, pesquisa dramatúrgica entitulada “Onde estavam as travestis durante a Ditadura?”. É assessora parlamentar do Deputado Estadual Renato Roseno, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e foi candidata a Deputada Federal, obtendo a expressiva votação de 7.305 votos.
Sobre o programa Amarrações Estéticas
No vocabulário do mar, “amarração” é o ato de consolidar a atracação das navegações no cais dos portos e dar firmeza aos nós da rede de pescar. Assim, o Amarrações Estéticas coloca-se na perspectiva de consolidar os atos criativos, através de amarrações construídas a partir de diálogos entre os projetos dos Laboratórios de Criação.
Sobre a Escola
O Porto Iracema das Artes é uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, sob gestão do Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há seis anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
Serviço
O quê: Amarrações Estéticas “Arte Livre: Música e Teatro em tempos de agir”, com Raquel Virgínia e Helena Vieira
Quando: Quarta-feira, 09 de outubro, às 19h
Onde: Auditório do Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, nº 160 – Praia de Iracema)
GRATUITO*
*Disponibilizados 70 lugares, a serem preenchidos por ordem de chegada
Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes
Publicado em 01/10/2019