
Alunos e professores do Porto Iracema das Artes participam com diversas atividades na ocupação do movimento #OcupaMINC no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan) no Ceará. Solidários à luta de resistência do movimento cultural do país, alunos e professores prepararam uma programação de aulas abertas, apresentação de espetáculos, além de se engajarem nos grupos de arrecadação de alimentos para os jovens da ocupação.
Desde a semana passada, aulas dos módulos de Iluminação, Sonoplastia, Poética Corporal e Noções Básicas de Figurino estão sendo realizadas nas dependências do Iphan. São mais de 150 pessoas, entre alunos e professores da escola, que se dispuseram a também ocupar o órgão ligado ao extinto Ministério da Cultura, realizando assim uma soma de forças e uma partilha de saberes, como afirma a coordenadora do programa básico de Artes Cênicas Ângela Sores. “Alunos nos apresentaram a ideia de fazermos atividades lá na ocupação e todo mundo topou, entramos num consenso e fomos. Então convidei os alunos e professores de Iluminação e Sonoplastia, assim como os de Poética Corporal, porque como os cursos são integrados a ideia é de que eles troquem experiências, pois os projetos vão ser interligados, já que são de artes cênicas”, afirma.

Além dos cursos do programa de Artes Cênicas, o Curso Técnico de Dança(CTD) da escola Porto Iracema das Artes também realizou atividades abertas na ocupação. “Os alunos do CTD entraram em contato com a coordenação para propor que alguma aula fosse realizada lá com o objetivo de dar mais força ao movimento, então eles se organizaram e convidaram os alunos dos outros cursos do Porto para participarem também, assim algumas aulas foram direcionadas para a ocupação”, explica Thiago Braga, assistente de coordenação do CTD.
A diretora do Porto Iracema das Artes, Bete Jaguaribe, acentua a importância de participação no movimento. “Os jovens nos apresentaram a preocupação com a ameaça ao campo cultural e com a perda de conquistas sociais no país é muito grave. Extinguir o MinC é um ato de violência simbólica tão aterrorizante que não cabe em nenhum contexto democrático do mundo. Os alunos e professores estão engajados numa luta de defesa da democracia no país”.
O movimento #OcupaMINC se espalhou por todo o país logo após a extinção do Ministério da Cultura, feita pelo presidente interino Michel Temer. Tem sido um movimento espontâneo que tem ganhado corpo nas capitais do Brasil, unindo a classe artística com o objetivo de que não haja retrocesso no campo cultural. Além da recriação do próprio Ministério da Cultura, o movimento também reivindica a não retirada de qualquer direito já antes assegurado em diversas áreas como na previdência social, educação, saúde, e na defesa de outros órgãos também excluídos na nova reforma ministerial do atual governo interino.