Harvey e Bob Weinstein são dois irmãos muito conhecidos na indústria do cinema dos Estados Unidos. Eles deixaram a Miramax em 2005 para fundar a Weinstein Company, independente. Sua especialidade são os filmes de baixo orçamento e boa crítica, como “O discurso do rei”, que ganhou Oscar em 2010. Harvey disse, em entrevista ao “New York Times”, que agora só pensa em televisão. Nos seus planos estão uma série de suspense ambientada no Egito antigo, uma versão de Os Dez Mandamentos, as aventuras de Marco Polo e uma adaptação de “Guerra e paz”. O movimento da Weinstein Company está em sintonia com o anúncio recente de executivos da Sony Pictures Entertainment de que vão investir cada vez mais em TV.
Aqui, por outras razões e com musculatura diferente, a televisão também é um mercado em expansão. O Brasil tem tradição no ramo, mas quem trabalha no braço independente reclama que faltam roteiristas, diretores etc. Por isso, é interessante a iniciativa do Centro de Narrativas Audiovisuais, em Fortaleza. Para formar profissionais, eles estão promovendo um laboratório coordenado pelos cineastas Karim Ainouz, Marcelo Gomes e Sérgio Machado. O trio vem acompanhando, há meses, o desenvolvimento de cinco séries. “No Brasil, há uma demanda grande de bons roteiristas. Senti isso de forma gritante quando dirigi ‘Alice’ (na HBO)”, diz Karim, que também quer trabalhar mais para a TV.
O projeto vem trazendo especialistas para falar para esses novos roteiristas, todos entre 25 e 35 anos. Amanhã é a vez de Jimmy Demarrais. Ele desembarcou aqui ontem, vindo de Nova York, onde recebeu o Emmy por “Les revenants”. Antes dele, veio François Sauvagnac, do canal Arté. “Queremos expor os participantes mais à cena europeia”, observa Karim. A Globosat também lançou seu programa de desenvolvimento de roteiristas e trouxe, entre outros nomes, Robert McKee para falar para uma plateia de gente sedenta por saber mais do ofício. Vamos ver, em breve, os frutos desses empreendimentos.