Com a apresentação de “Price World ou sociedade a preço de banana”, o EmFoco Grupo de Teatro encerra suas atividades no Laboratório de Pesquisa Teatral da Escola Porto Iracema das Artes. A performance acontecerá dentro de um ônibus, que às 21h20 do dia 1º de maio, sairá da Escola levando artistas e público para um passeio pela cidade. A apresentação, que deve transcorrer por 2 horas, faz parte da Mostra Especial do Porto Iracema das Artes no aniversário de 15 anos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
“Price World…” busca aprofundar-se sobre o teatro do real, da performatividade e da ruptura da ficção com a anexação de realidades, seja no espaço, na atuação ou na dramaturgia. O projeto recebeu a tutoria do ator Marcos Bulhões, que se apresentou recentemente na performance CEGOS em Fortaleza.
Confira entrevista com Dyhego Martins, ator performer de “Price World”
Como o grupo define o Price World?
Price World será uma experiência, uma vivência num mundo novo. Mundo desenvolvido para ser perfeito dentro das vontades e máscaras de uma sociedade. É o dinheiro falando mais alto que a dignidade. O que você tem vale mais do que o que se é? Quando resolvemos tratar do capitalismo, queríamos colocar o público dentro deste mundo, sem mostrar o certo ou o errado. Até onde se pode ir quando se quer o corpo perfeito, quando se quer estar dentro do perfil correto, quando já estamos a mercê da prisão domiciliar ocasionada pelo medo? Medo da interação, troca, de não se ser.
Como foi a evolução do trabalho?
A convivência com o nosso tutor, Marcos Bulhões, nos deu margem para desenvolvermos atividades até então novas para o grupo. Pensávamos o teatro a partir do espaço escolhido. Desenvolvíamos temas e ações a partir deste espaço. Hoje transformamos temas, situações, indagações em ações que podem ocorrer onde o povo está. Fazer o público pensar é o principal desafio do trabalho. E a forma de pensarmos esta ação foi desenvolvida com mais qualidade a partir dos exemplos trazidos pelo tutor. Foram formas, informações, oficinas. Ainda tivemos a presença de 2 oficineiros, Roberta Bechara e Luiz Carlos Garrocho, que trouxeram formas de mantermos nosso corpo preparado para a ação. Junto a eles tivemos integrantes convidados, o que de certo modo ajudou a desenvolvermos uma nova cara para o EmFoco. Marcelle Louzada e Mário Filho também nos estimularam a pensar, a desenvolver, a partir pra ação.
Como a experiência obtida no laboratório ajudou no processo?
As experimentações desenvolvidas durante o laboratório e em locais públicos fizeram com que o grupo conseguisse afinar as tensões e as observações. É preciso estar atento aos companheiros de cena, aos movimentos, aos desenvolvimentos das cenas. Tudo é roteirizado, temos algumas marcações e temos objetivos. O laboratório fez com que atentássemos a todos os detalhes e assim conseguimos escolher pontos para desenvolver melhor nossas ações.
A proposta inicial mudou alguma coisa?
Mudou totalmente. No começo estávamos propondo site especific [termo que faz menção a uma obra criada de acordo com um ambiente específico], onde tudo aconteceria dentro de um supermercado. Trataríamos do consumismo dentro do maior templo consumista atual. Porém, desde nosso primeiro encontro com Marcos Bulhões, ele nos instigou a experimentarmos a rua. Durante todo o período de desenvolvimento do Laboratório de Pesquisa Teatral, apresentamos performances nos mais variados locais da cidade: Feira da Parangaba, Hiperbompreço, Praia de Iracema e Shopping Iguatemi. Com isso enxergamos que o espetáculo poderia ser mais. Por que ficar preso a um só espaço se podíamos pensar em circular os pontos mais consumistas da cidade? Assim, passamos a pensar o espetáculo para acontecer em um ônibus. Hoje, os nossos passageiros de Price World viajarão por um mundo palpável, por estarmos em casa, e ao mesmo tempo virtual e ilegal. Eles irão ser, estar e não somente observar e julgar o Price World.
Como é a relação de vocês com o público?
O público é convidado a estar no espetáculo e não a observar o espetáculo. Eles fazem parte, eles serão constantemente chamados a performar junto da gente. Nos nossos dois experimentos abertos ao público tivemos boas surpresas, vimos o público envolvido e com várias impressões na cabeça. Acho que Price World é isso, um burburinho de ações, ideias, cutucões, e no final cada um construirá o que se quer dentro das possibilidades de suas próprias vivências.
Assista o vídeo teaser de “Price World ou a sociedade a preço de banana”
SERVIÇO
Performance Price World ou Sociedade a preço de banana
Quando: 1º de maio às 21h20
Onde: Ônibus saindo da Escola Porto Iracema das Artes
Entrada Franca
