A partir do tema norteador das ações e eventos da Escola neste ano, “Poéticas de Coexistência: questões para formação em artes e virtualidades” vai reunir artistas e pesquisadores de diversas partes do País para discutir os desafios deste novo momento para a formação em artes
Neste contexto de isolamento social, a produção cultural ganhou um caráter de urgência nunca antes experimentado. Materializada na profusão de lives, eventos diversos, disponibilização de acervos e outras incontáveis ações em plataformas digitais, essa super oferta de bens simbólicos sintetiza um tanto do trauma, da sensação de instabilidade, da busca ávida e justa por alternativas para se manter em movimento, sobreviver, existir.
A partir dessas percepções e do tema escolhido para nortear as ações em 2020 – “Poéticas de Coexistência” -, o Porto Iracema das Artes, escola de artes do Governo do Estado, ligada à Secretaria da Cultura do Ceará e gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar, inicia em junho os encontros online “Poéticas de Coexistência: questões para formação em artes e virtualidades”. Um processo de discussão, que será dividido em atos e debates por linguagem no Youtube e no Facebook da instituição, que tem a proposta de ser um espaço provisoriamente virtual de reflexão que considera a urgência, mas mira para além dela. As reflexões que surgirem no processo de debate serão sistematizas, com vistas à formulação de um projeto de Plataforma Pública de Formação em Artes, com previsão de entrar no ar em 2021.
PLATAFORMA DE FORMAÇÃO
O processo de reflexão de cada linguagem será dividido em três ATOS. Quatro mesas de debates constituem o ATO 1, que gerará questões a serem aprofundadas num fórum de debates no Facebook (ATO 2). O objetivo é que o fórum de debates gere sistematizações que serão apresentadas no ATO 3, um novo encontro, que terá um caráter de apontar indicativos para a Plataforma Pública de Formação em Artes, que está sendo preparada pela Escola.
A diretora de formação do Instituto Dragão do Mar/Porto Iracema das Artes, Bete Jaguaribe, observa a importância de uma reflexão mais complexa em torno de uma formação em artes, no ambiente virtual. “Com o Poéticas de Coexistência: questões para formação em artes e virtualidades, iniciamos o levantamento de indicadores com vistas à criação de uma plataforma pública de formação em artes, cujo foco não se restringe à disponibilização de conteúdo (cursos, palestras, espetáculos etc.), mas pretende instituir um espaço permanente de debate e experimentação de recursos, métodos e questões implicados na formação artística quando essa se dá na confluência entre o virtual e o presencial. Nessa perspectiva, assume-se esse momento, em toda sua complexidade, como ocasião para construir um legado cultural no âmbito da formação”.
A diretora também considera questões mais específicas a um projeto de formação pública no ambiente virtual. “A experiência do confinamento nos apresentou uma série de questões que devem pautar qualquer oferta pública de ensino, incluindo a que se refere ao campo das artes. Uma das questões mais importantes é a acessibilidade a esta oferta. No que se refere especialmente à formação em artes, o desafio que se coloca é: como lidar com a virtualidade se a presença física é dramaticamente fundamental nos processos artísticos?”.
PROGRAMAÇÃO
Na próxima semana, nos dias 2 e 4 de junho, acontece o ATO 1, que se debruçará sobre as Artes Cênicas. Pelo canal do Youtube e pelo Facebook da Escola, artistas e pesquisadores imersos no debate teórico-prático sobre as implicações das tecnologias digitais nas dinâmicas da produção artística e da formação vão partilhar seus processos.
Na primeira rodada de debates, a partir das 15h da terça-feira (2 de junho), a partir do tema “Novas salas de criação para tempos remotos”, participam Ave Terrena (SP) e Giordano Castro (PE), com mediação de Kelly Saldanha (CCBJ). Às 17h, Marcelo Evelin (PI) e Marcio Abreu (PR/RJ) discutem o tema “Repensar o possível”, que terá mediação de Thereza Rocha (UFC).
Já na quinta-feira, 4 de junho, Adriana Schneider Alcure (RJ) e Abimaelson Santos (MA) discutem sobre “Partilhas e desafios para o ensino”. Quem vai mediar é Lucivânia Lima (URCA). Já às 17h, “Registros da cena e exibição virtual” orientam o debate entre Ana Oliveira (AM) e Daniele Avila Small (RJ), que terá mediação que terá mediação de Fran Teixeira (IFCE) e Francis Wilker (UFC).
Confira a programação detalhada:
Poéticas de Coexistência: questões para formação em artes e virtualidades
- 2 de junho (terça-feira)
15h – Novas salas de criação para tempos remotos
Ave Terrena (SP) e Giordano Castro (PE)
Mediação – Kelly Saldanha (CCBJ)
17h – Repensar o possível
Marcelo Evelin (PI) e Marcio Abreu (PR/RJ)
Mediação – Thereza Rocha (UFC)
- 4 de junho (quinta-feira)
15h – Partilhas e desafios para o ensino
Adriana Schneider Alcure (RJ) e Abimaelson Santos (MA)
Mediação – Lucivânia Lima (URCA)
17h – Registros da cena e exibição virtual
Ana Oliveira (AM) e Daniele Avila Small (RJ)
Mediação – Fran Teixeira (IFCE) e Francis Wilker (UFC)
Sobre os participantes
Marcelo Evelin
Nasceu no Piauí, é coreógrafo, pesquisador e intérprete. Trabalha com dança tendo colaborado com artistas de variadas linguagens em projetos também envolvendo teatro físico, música, vídeo, instalação e ocupação de espaços específicos. É criador independente com sua Companhia Demolition Incorporada, criada em 1995. Orienta workshops e projetos colaborativos em vários países da Europa, Estados Unidos, África, Japão, América do Sul e Brasil. Seus espetáculos Matadouro (2010) e De Repente Fica Tudo Preto de Gente (2012) foram apresentados em mais de 18 países.
Marcio Abreu
É dramaturgo, diretor e ator. Criou e integra a Companhia Brasileira de Teatro. Desenvolve projetos de pesquisa e criação de dramaturgia própria, releitura de clássicos e encenação de autores contemporâneos inéditos no país. Realiza ações de intercâmbio com artistas do Brasil e da França. Entre seus trabalhos recentes estão “Nós” e “Outros”, com o Grupo Galpão; “Vida”, “Oxigênio”, “Projeto Brasil”, “Preto” e “Por que não vivemos?”, com a Companhia Brasileira de Teatro. Atualmente está em processo de criação do trabalho “Sem Palavras”. Recebeu inúmeros prêmios e indicações, entre eles o prêmio Bravo!, o prêmio Shell, o APCA, o prêmio Governador do Estado, no Paraná, o APTR e o Questão de Crítica.
Ana Oliveira
É palhaça e produtora cultural em Manaus. Especialista em Gestão e Produção Cultural e bacharel em Teatro com habilitação em interpretação e direção pela Universidade do Estado do Amazonas. Em 2012 estudou Theatre Studies na University of Kent, no Reino Unido, como parte do Programa Federal Ciências Sem Fronteiras. Idealizadora de projetos e festivais como PAN – Potência das Artes do Norte, Roda na Praça e Maloca de Palhaços.
Daniele Avila Small
É doutora em Artes Cênicas pela UniRio, mestra em História Social da Cultura pela PUC-Rio e Bacharel em Teoria do Teatro pela UniRio. É autora do livro O crítico ignorante – uma negociação teórica meio complicada (Editora 7Letras, 2015). Foi diretora artística do Teatro Gláucio Gill em 2011 e 2012 com Felipe Vidal na Ocupação Complexo Duplo, projeto indicado aos Prêmios Shell e APTR. Foi curadora dos Olhares Críticos, eixo reflexivo da MITsp entre 2018 e 2020.
Ave Terrena
É dramaturga, diretora, atriz e professora da Escola Livre de Teatro de Santo André. Entre seus trabalhos mais recentes, estão o espetáculo poético-musical “Segunda Queda”, inspirado em seu livro de poesias publicado pela Editora Kazuá, que estreou no Teatro Oficina comemorando a III Semana de Visibilidade Trans da Casa 1; a peça “as 3 uiaras de SP City”, selecionada pelo 4o edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP, estreando no Espaço Cênico Ademar Guerra em 2018; a peça “Lugar da Chuva”, de intercâmbio artístico entre os Estados de Amapá e São Paulo, selecionada pela curadoria do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto 2019, que também circulou diversas por diversas cidades do Norte e Sudeste; a peça “O Corpo que o Rio levou”, publicada pela Editora Giostri, que estreou no CCSP em 2017; a performance “Envelhecer-me Trava?, que dirigiu, apresentada também no FIT Rio Preto; e o filme “Para onde voam as Feiticeiras”, com direção de Eliane Caffé, Beto Amaral e Carla Caffé, no qual atuou, com estreia adiada devido à pandemia.
Giordano Castro
É ator e dramaturgo. Licenciado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizou também um intercâmbio internacional em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra (Portugal). É membro e um dos fundadores do Grupo Teatral Magiluth. Como ator participa de quase todos os trabalhos do grupo e é responsável por cinco dramaturgias montadas pelo Magiluth: “Um Torto”, “Aquilo que meu Olhar Guardou para Você”, “Luiz Lua Gonzaga”; e “O ano em que sonhamos perigosamente”; em parceria com Pedro Wagner e “Dinamarca”. No audiovisual, esteve em “Tatuagem” de Hilton Lacerda, “Tungstênio” de Heitor Dahlia, na série “Treze dias longe do sol” e a supersérie “Onde Nascem os Fortes”.
Abimaelson Santos
Diretor, Iluminador Teatral e Performer. Professor da Universidade Federal do Maranhão. No campo das pedagogias das artes cênicas pesquisa: intervenção urbana, metodologias de ensino do teatro e teatro de grupo. Atualmente é coordenador do Casarão Angelus Novus, anexo do curso de teatro da UFMA onde são realizadas atividades de ensino, pesquisa e extensão e também é coordenador do PIBID. Autor do livro Transgressões Estéticas e Pedagogia do Teatro (2013), fruto da sua pesquisa de mestrado, que fora realizada no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cultura e Sociedade. Na UFMA ministra, prioritariamente, as disciplinas do campo da pedagogia das artes cênicas e de iluminação teatral.
Adriana Schneider
Atriz, pesquisadora e diretora de teatro. Professora do Curso de Direção Teatral e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena, da UFRJ. Integrante do Grupo Pedras de Teatro, do Coletivo Bonobando e do Movimento Reage Artista. Mestre em Teatro PPGAC-UNIRIO e Doutora em Antropologia PPGSA/IFCS/UFRJ, com bolsa de sanduíche DAAD/CNPq na FU-Berlin. Realizou Pós-Doutorado no PPGAC-UNIRIO.
Sobre o tema do ano 2020
Como coexistir em tempos de intolerâncias e autoritarismos? Como viver com e ser afetado pelo outro num tempo em as diferenças de ideias, de visões de mundo, de convicções políticas, de classe social, facilmente se transfiguram em extrema violência simbólica e física? Neste ano de 2020, a escola Porto Iracema das Artes propõe o tema Poéticas de Coexistência justamente para fomentar o debate sobre a convivência com as diferenças. Não se trata, certamente, de anular o conflito, o embate, pois esses são necessários para a mobilização das lutas sociais e a produção de conquistas e avanços, sobretudo em sociedades marcadas por profundas desigualdades como é o caso do Brasil. Trata-se, sim, de indagar, a partir da arte, sobre a possibilidade de coexistência conflituosa e democrática, desestabilizadora e produtiva, autoafirmativa e coletiva. Com a pandemia, o tema norteador dos debates em 2020 ganhou potência. O confinamento impôs novos desafios de COEXISTÊNCIA. Como existirmos num contexto tão complexo?
A iniciativa da Escola definir um tema norteador para as ações do ano letivo vem desde 2016 e surgiu a partir da observação de questões que emergiram no ano anterior. A ideia é aprofundar essas reflexões no período letivo seguinte. Em 2016, as “Narrativas” tiveram destaque; em 2017, foi a vez das “Utopias”; em 2018, o Porto Iracema se debruçou sobre as “Poéticas do Feminino” e, em 2019, o foco foi sobre as “Poéticas da Existência”.
Sobre a Escola
O Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, ligada à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, sob gestão do Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há seis anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
Serviço
O quê: “Poéticas de Coexistência: questões para formação em artes e virtualidades”
ATO 1 – Artes Cênicas
Quando: 2 e 4 de junho, sempre às 15h e 17h
Onde acessar: YouTube e Facebook do Porto Iracema das Artes
Assessoria de Comunicação | Porto Iracema das Artes
Publicado em 27/05/2020