Além da orientação aos projetos selecionados, serão programadas atividades gratuitas e abertas ao público
Os artistas dos quatro projetos da edição 2019 do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes já escolheram o tutor e tutoras que os acompanharão durante os meses de imersão nas atividades de pesquisa e experimentação artística. Em sua sétima edição, o Lab Música novamente traz profissionais de projeção nacional para acompanhar o desenvolvimento das propostas, prestando também consultorias aos projetos e beneficiando a Cidade com atividades gratuitas e abertas ao público, como oficinas e aulas abertas.
O grupo Orquestra Transversal convidou a compositora e arranjadora Léa Freire para tutorar o projeto “Peripécias Transversais”. Já a cantora Luiza Nobel escolheu a cantora, compositora e produtora musical Mahmundi, que no ano passado foi tutora do projeto Arquelano: ainda sou ponto, para tutorar o projeto “Um corpo sem voz em busca de voz”. O cantor Lua terá o produtor musical e DJ carioca Omulu como tutor do projeto “Atlântico” e, por fim, a banda de rock Pulso de Marte escolheu a cantora e compositora paulistana Raquel Virgínia para contribuir no projeto homônimo.
Mais mulheres
Uma característica da atual edição do Lab Música é a forte presença feminina. Pela primeira vez, a maioria dos projetos têm mulheres na liderança, o que se reflete também na escolha dos tutores: três dos quatro nomes escolhidos para somar conhecimento aos projetos são mulheres.
Mona Gadelha, coordenadora do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes, cita a variedade dos estilos musicais como outra característica importante que vem se desenhando desde as últimas edições do Lab. “É uma variedade, um leque de estilos muito interessante se a gente pensar que mais de 60 projetos se inscreveram no Lab Música deste ano. Eu acho que o Laboratório está, cada vez mais, se consolidando como esse lugar de amplitude de estilos, de amplitude musical, de realmente ter representantes de várias cenas musicais da cidade”, aposta.
Os quatro projetos vão trabalhar da erudição ao rock. É o caso de Luiza Nobel, que traz uma MPB com muita pesquisa de sonoridades, e da banda Pulso de Marte, essencialmente feita de rock. Ao mesmo tempo, o grupo Orquestra Transversal apresenta pesquisa assentada em compositores cearenses e o cantor Lua vai desenvolver um projeto de música dançante, misturando música eletrônica com ritmos brasileiros, num trabalho de composição que tem Fortaleza como inspiração.
Confira, abaixo, o perfil dos tutores e dos projetos:
– Léa Freire, tutora do projeto “Peripécias Transversais”, do grupo Orquestra Transversal
Flautista, compositora versátil, arranjadora, Léa Freire cresceu cercada pela música e ouvia desde cedo eruditos brasileiros como Camargo Guarnieri, Radamés Gnattali e Villa-Lobos em seus estudos de piano, ao lado de Bach, Debussy e outros compositores estrangeiros. Depois adotou a flauta como instrumento, na qual é autodidata e criadora de sua marca musical. Cantou 15 anos em coral, ao mesmo tempo em que se interessava pelo jazz, que a levou para a bossa nova, que a chamou para o choro e que lhe mostrou o caminho para os inúmeros ritmos brasileiros. Tocando com a nata da música brasileira, tornou-se flautista improvisadora e celebrada compositora – suas parcerias com a cantora e compositora Joyce Moreno foram lançadas no Brasil, Japão, Alemanha e Inglaterra. Lançou o primeiro disco, Ninhal, em 1997, quando também inaugurou a gravadora Maritaca. Vários outros discos vieram na sequência, entre eles, Cartas Brasileiras (2007), que tornou-se panorama da música instrumental paulista contemporânea, envolvendo mais de 60 músicos em diversas formações.
Há 22 anos mantém a Maritaca, dedicada a promover o rico cenário instrumental brasileiro, com cerca de 60 álbuns no catálogo. Seu mais recente trabalho é o disco A Mil Tons, lançado em parceria com Amilton Godoy, trazendo composições do celebrado pianista, executadas em duo com a flautista. Além de Amilton, Léa tem parcerias com Arismar do Espírito, Filó Machado e com músicos estrangeiros, como Harvey Wainapel e Jane Lenoir.
Sobre o projeto
Formada por nove instrumentistas das graduações em música da UECE, a Orquestra Transversal propõe executar um repertório inédito, estimulando a criação musical, composição, arranjo, performance e, notadamente, a difusão de autores cearenses Além dos jovens flautistas, a Orquestra Transversal também agrega instrumentos de cordas e percussão. Integrantes: Adeilson Freitas, Ailton Santana, Heriberto Porto, Marcílio Holanda, Matheus Albano, Manuel Barbosa, Raquel Lopes, Samuel Pereira, Sara Rebeca, William Madeiro, Willian Robson, Yan Guedes.
– Mahmundi, tutora do projeto “Um corpo sem voz em busca de voz”, de Luiza Nobel
Marcela Vale, mais conhecida como Mahmundi, é cantora, compositora, produtora musical e multi-instrumentista. Em 2012 produziu seu primeiro EP Efeito das Cores. No ano seguinte lançou outro EP, Setembro, contraponto melancólico ao colorido do primeiro trabalho, com uma sonoridade mais R&B, atualmente forte característica de sua música. Venceu o Prêmio Multishow de Música Brasileira na categoria Novo Hit, por Calor do Amor (2013). Depois de tocar no exterior pela primeira vez – Festival Bahidora, México, 2014 -, ganhou novamente “Prêmio Multishow de Música Brasileira”, na categoria “Nova Canção”. O primeiro álbum Mahmundi, chegou em 2016, com excelentes críticas, prêmios e indicações – como o Revelação APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Produzido por ela mesma, traz 10 músicas autorais, como Hit, Calor do Amor e Eterno Verão. Contratada pela Universal Music, em 2018 lançou o álbum Para Dias Ruins. Mahmundi foi tutora do projeto Arquelano: ainda sou ponto no Laboratório de Música 2018.
Sobre o projeto
Um corpo sem voz em busca de voz é o primeiro projeto autoral da cantora Luiza Nobel. Apresenta canções tematizadas na aceitação do corpo, relações amorosas e reflexões da mulher negra. Busca encontrar uma musicalidade que transite pelos gêneros produzidos dentro na era analógica, como o soul, jazz, blues, rock, samba/rock, mas que também passeie pela música pop digital produzida atualmente. Integram o projeto os músicos Moisés Felipe Carvalho (Zéis) e Glauber Alvez.
– Omulu, tutor do projeto “Atlântico”, de Lua
Omulu é o pseudônimo do produtor musical e DJ carioca Antonio Antmaper, um dos artistas responsáveis pela renovação eletrônica da música brasileira. Seus beats tropicais ajudaram a criar em 2015 a sonoridade da cantora Pabllo Vittar com seu EP de estréia Open Bar, no qual misturou samba e outros ritmos brasileiros com as batidas pesadas da eletrônica em open bar e minaj, trabalho reconhecido como uma revolução na música pop brasileira. Essa sonoridade também chamou a atenção de artistas internacionais, como Skrillex e Diplo, este que além de tocar suas músicas, convidou-o para criar uma edição especial brasileira em seu programa, Diplo and Friends, na rádio BBC inglesa, onde o norte-americano, mentor da banda Major Lazer e produtor de hits com Beyoncé, Madonna e Justin Bieber, descreve OMULU como “um de seus artistas favoritos e uma pessoa chave na conexão das cenas musicais brasileiras”.
Já remixou e lançou parcerias que vão do experimental de Arto Lindsay ao popular de Wesley Safadão, passando por Elza Soares e Baiana System. O jornal inglês The Guardian descreveu como A gloriously audible salivation seu remix de A Mulher do Fim do Mundo (Douglas Germano), de Elza Soares. Como DJ, OMULU rodou o Brasil e o mundo, passando por grandes festivais como EDC e Tomorrowland. É também idealizador do selo Arrastão, que além de mapear novos artistas da cena eletrônica brasileira, promove festas em todo o país e no exterior, conquistando residência fixa em clubes de Nova Iorque e Lisboa.
Sobre o projeto
Lua é produtor, compositor e músico. Desde 2012 vem trabalhando em projetos independentes de música eletrônica. Em 2018 começou a compor e produzir o álbum Atlântico, que fala da relação com sua ancestralidade, espiritualidade, a cidade de Fortaleza e seu litoral, mesclando experiências amorosas e suas visões em relação à natureza do lugar onde nasceu. O trabalho, com nove faixas, traz sonoridades latino-eletrônica, new wave, dancehall e house.
– Raquel Virgínia, tutora do projeto “Pulso de Marte”, da banda Pulso de Marte
Cantora e compositora paulistana. Desde a adolescência inclinada aos exercícios artísticos, como dança e teatro, aos catorze anos participou como aluna em curso para atores no Teatro Bibi Ferreira e em 2007, aos 18 anos, se mudou para Salvador em busca do sonho de ser cantora de Axé. Depois de ter tido grande contato com a cultura baiana por ter morado por dois anos e meio em Salvador, voltou a São Paulo e ingressou na Universidade de São Paulo no curso de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), em 2011. Ministrou aula por quatro anos de História do Brasil em cursinho pré-vestibular para alunos de baixa renda e participou do NCN – Núcleo de Consciência Negra na USP. Em 2012, ao lado de Rafael Acerbi e Assucena, cria a banda As Bahias e a Cozinha Mineira, e se apresenta pela primeira vez na faculdade. O primeiro álbum, Mulher, foi gravado durante três anos, em meados de 2012 e lançado oficialmente em 2015. Em 2017 lançaram o segundo disco, Bixa (YB Music), vencedor do 29º Prêmio Multishow em duas categorias: Melhor Álbum e Canção Popular. Em 2019 lançou o single Das Estrelas, pela gravadora Universal Music.
Sobre o projeto
Liderada por duas mulheres, Letícia Monteiro e Nathalia Rebouças nas composições, vocais e guitarras, a banda de rock Pulso de Marte tem 4 anos de atividades. Com Jefferson Lima Castro (bateria) e Charles Costa (baixo), as principais referências são o indie rock, MPB, pop e hardcore. A banda está finalizando seu segundo CD, depois da temporada de shows e festivais mostrando o repertório do primeiro, A Busca, disponível nas plataformas.
Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes | Lucas Casemiro
Publicado em 31/07/2019