Sede da Escola Porto Iracema das Artes fica na Praia de Iracema (Foto: Micaela Menezes)
Em agosto de 2013, a Porto Iracema das Artes – equipamento da Secretaria de Cultura do Estado (Secult CE), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM) – embarcou em uma aventura pelos mares da cultura, impulsionada pelos ventos da criação, do saber e da pluralidade. Mais de uma década depois, completando 12 anos nesta sexta-feira (29), a Escola segue firme em sua jornada, servindo de porto seguro para a formação e a experimentação de milhares de artistas de todo o Estado.
A secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, ressalta: “Celebrar 12 anos de existência da Escola Porto Iracema das Artes é motivo de alegria e orgulho para nós que fazemos a gestão cultural do Estado. Reconhecemos que este espaço estratégico de formação se tornou um celeiro de descobertas, de projeção de novos talentos e de sustentabilidade para mercados e linguagens artísticas fundamentais. A Escola materializa um projeto público que transforma vidas por meio do conhecimento, da pesquisa e da prática criativa. Aproveitamos também este momento de comemoração para refletir e avaliar a caminhada até aqui, de repensar rotas e de expandir a rede de conexões com o Brasil e com o mundo, fortalecendo cada vez mais a cultura como vetor de desenvolvimento e cidadania.”
Navegando entre os vastos oceanos da música, da dança, do cinema, do teatro e das artes visuais, a Porto Iracema já recebeu, desde a sua criação, mais de 50 mil navegantes interessados no fazer artístico.
“O aniversário da Porto Iracema das Artes é sempre um momento para refletirmos sobre nossos processos de formação, com vistas à construção de uma agenda capaz de potencializar o projeto. Este ano, estamos aprofundando nossa experiência de expansão, que já chegou a 30 municípios no Ceará, além de diversos bairros de Fortaleza, relata a diretora de Formação do IDM e da Escola Porto Iracema das Artes, Bete Jaguaribe. “Mas, o aniversário é também um momento de celebração, quando reafirmamos a importância de um projeto público de formação artística, estratégico para o exercício pleno da cidadania, no mundo contemporâneo”, complementa.
Ao atracarem na Escola, esses marinheiros podem se refrescar com brisas de conhecimento em oficinas, palestras, aulões e mostras, ou mergulhar de cabeça nos mares da arte, participando dos percursos de formação promovidos pela Porto Iracema, como os Laboratórios de Criação, o Programa de Formação Básica e o Curso Técnico em Dança.
As formações ofertadas nos programas da Escola já transformaram vidas como de Bea Cruz, estudante da formação em audiovisual. “Eu estudo e frequento a Porto Iracema das Artes desde 2022, e tudo o que aprendi, e atualmente uso para trabalho, é fruto das formações públicas da Escola. Tivemos módulos de som, fotografia, mixagem, montagem e produção estrategicamente pensados para uma produção independente e que nos desse autonomia”, relata Bea.
Foi também a partir da formação na Porto que a aluna teve oportunidade de trabalhar em um set profissional a convite de uma professora. “Assim comecei a me profissionalizar dentro da cena cearense de cinema”, conta.
“Os programas da Porto Iracema das Artes — da Formação Básica aos Laboratórios de Criação e ao Curso Técnico em Dança — evidenciam a amplitude de uma iniciativa que, em 12 anos, se consolidou como referência na formação artística do Ceará. Em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado, o Instituto Dragão do Mar realiza a gestão das escolas de artes da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará, traduzindo políticas públicas em oportunidades concretas para milhares de jovens, artistas e coletivos. Resultados como esses só são possíveis a partir de políticas públicas longevas e consistentes, que garantem não apenas a permanência de programas estruturantes, mas também a expansão de conexões, a ampliação dos limites de atuação e o fortalecimento do vínculo da formação com o mercado criativo“, afirma Rachel Gadelha, diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar.
ONDAS DE FORMAÇÃO
Entre as dezenas de rotas que podem ser traçadas entre os corredores da Porto Iracema das Artes, algumas das mais importantes levam ao Programa de Formação Básica da Escola. Voltado para jovens navegantes, com idades entre 15 e 29 anos, a iniciativa oferece um primeiro contato com os horizontes do audiovisual, das artes cênicas e das artes visuais, esta com foco em fotografia.
“Os cursos ampliam e diversificam o repertório das pessoas participantes, porque apresentam um conjunto bem variado de artistas e obras, com ênfase em nossa produção local, mas também nacional e internacional. Cada estudante tem também a oportunidade de se experimentar no lugar de artista e de conhecer modos de produzir e empreender”, explica Edilberto Mendes, coordenador do programa que já recebeu mais de 11.500 estudantes.
Durante a passagem pelas formações, os participantes navegam entre diferentes conhecimentos relacionados à cada campo artístico, aprendendo conceitos téoricos e saberes práticos. Ao final da jornada de sete meses, eles têm a oportunidade de mostrar o que vivenciaram durante o percurso, produzindo peças teatrais, curtas-metragens e até exposições fotográficas, durante a ação “Preamar”.
Apresentação do espetáculo “A2”, obra produzida para o Preamar de Artes Cênicas 2025 (Foto: Micaela Menezes)
Já no caso daqueles que já molharam os pés no mar da dança e sentem o desejo de aprender a nadar melhor entre as ondas de ritmos e movimentos, é possível mergulhar no Curso Técnico em Dança (CTD) da Porto Iracema das Artes.
Pioneiro no ensino técnico de dança no Estado, o CTD foi fundado em 2005 e tem sido um relevante aliado na potencialização da cena cultural cearense, tornando-se referência estadual e nacional em capacitação artística nas últimas décadas. Ao longo dessa travessia, o curso já guiou mais de 200 bailarinos, vindos de diferentes recantos do Ceará e até de outros estados do Nordeste.
“Temos um dos cursos de dança mais importantes a nível nacional, e muito por conta de sua longevidade. São raros os cursos técnicos de dança gratuitos em atividade por uma ou duas décadas, como é o nosso caso. A gente, inclusive, já teve alunos de fora do Estado, vindos do Maranhão e do Piauí, que vieram só por causa do CTD. Fora os que vêm do interior só para participar do curso. Isso mostra a força dessa formação”, afirma Bilica Léo, coordenadora do programa técnico.
Com duração de dois anos, o curso mantém-se ancorado em três sólidos pilares pedagógicos: “Práticas e Técnicas Corporais”, “Dança, Cultura e Sociedade” e “Pesquisa e Criação em Dança”. Cada módulo conduz os bailarinos por correntes de diferentes ritmos e abordagens, explorando do Jazz e da Dança Clássica às Danças Contemporâneas e Urbanas.
Aulas do Curso Técnico em Dança (Foto: Analice Diniz)
Quem já domina as ondas da arte e deseja experimentar novas rotas, pode içar velas e embarcar nos Laboratórios de Criação. Reconhecido como um dos mais relevantes programas de formação artística do país, a iniciativa oferece a artistas com trajetória prévia a oportunidade de desenvolver e aprofundar projetos criativos com orientação especializada.
Desde a fundação dos percursos formativos, os Laboratórios de Criação já receberam mais de 774 artistas, oriundos de diferentes localidades do Estado, e contribuíram para o desenvolvimento de 316 projetos por meio da realização de 47.198 horas de estudo e atividades, além de 320 oficinas. Para garantir que os participantes pudessem se dedicar melhor aos projetos, a Escola investiu, desde a criação do projeto, R$ 4.451.400 em bolsas.
Claudia Pires, coordenadora dos Laboratórios de Criação, ressalta esta como uma das principais iniciativas de formação do Brasil. “O programa Laboratórios de Criação da Escola Porto Iracema das Artes, é uma das iniciativas mais inovadoras e significativas no cenário da formação artística no Brasil. Criado com o objetivo de impulsionar projetos autorais nas áreas de audiovisual, dança, teatro, música e artes visuais, os Laboratórios funcionam como espaços de pesquisa, experimentação e desenvolvimento criativo, promovendo o desenvolvimento de linguagens artísticas próprias, conectadas com questões contemporâneas, territoriais e sociais. Os artistas têm a liberdade de experimentar, testar limites e criar com acompanhamento crítico”, relata.
Durante sete meses, os participantes dos laboratórios de Cinema, Teatro, Dança, Artes Visuais e Música contam com tutorias individuais, oficinas, palestras e aulas abertas. As atividades servem de bússola, guiando os artistas no decorrer da jornada de construção de seus projetos.
Projetos se desenvolvem nos Laboratórios de Criação (Foto: Micaela Menezes)
ROTAS QUE SE EXPANDEM
Em 2025, a Porto Iracema das Artes segue expandindo ainda mais sua expedição pelos mares da cultura, incentivando o surgimento de novas rotas de criação e experimentação para além das fronteiras da Escola a partir de iniciativas como o projeto aBarca.
Visando a descentralização e a democratização do acesso à formação artística, o aBarca leva cursos básicos de Teatro, Audiovisual e Artes Visuais para jovens do interior e da periferia da capital cearense, estudantes ou egressos da rede pública. Fundado em 2022, o projeto já desembarcou em mais de 11 cidades cearenses, levando ondas culturais para Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Maranguape, São Gonçalo do Amarante, Itapipoca, Sobral, Quixadá, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte, além dos bairros Vicente Pinzón e Curió, na capital.
Neste ano, em que a Porto Iracema celebra 12 anos de trajetória, a iniciativa ganha edições especiais, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado (Seduc CE). O “aBarca nas Escolas” e o “aBarca nas Escolas – Vivências na Porto” navegam até as salas de aula da rede pública, deixando que a arte ancore no cotidiano dos adolescentes e, ali, transforme o aprendizado em horizonte aberto, onde o incentivo à cultura se torna vento que impulsiona novas descobertas.
O projeto aBarca descentraliza as ações da Escola (Foto: Analice Diniz)
O projeto aBarca, assim como outras inúmeras ações da Porto Iracema das Artes, está alinhado ao operador poético da Escola em 2025: Poéticas de Territórios. Levando formações artísticas para diferentes localidades do interior do Ceará, a iniciativa reafirma o compromisso da Porto Iracema com a ampliação do acesso à arte e o fortalecimento da cena cultural cearense.
LEVANDO ARTE AOS QUATRO CANTOS DO MUNDO
Impulsionadas pelos ventos firmes da cultura, as ações da Escola não se detêm aos verdes mares do Estado: com o apoio de velas potentes, elas cruzam o Atlântico e alcançam portos distantes, levando a arte forjada por talentosas tripulações cearenses aos quatro cantos do mundo.
Entre esses portos, está Lyon, na França. A cidade abriga a tradicional escola francesa CinéFabrique, parceira da Porto Iracema das Artes e do Museu da Imagem e do Som (MIS) no projeto Porto MIS CinéFabrique.
A iniciativa é uma ponte que conecta estudantes de cinema do Ceará e da França na criação de curtas-metragens. Durante o processo de desenvolvimento das produções, os alunos da CinéFabrique desembarcam em Fortaleza para apoiar nas gravações dos curtas, possibilitando um importante intercâmbio cultural entre os dois países.
Quando as filmagens terminam, os jovens brasileiros embarcam rumo à França para acompanhar a pós-produção na sede da CinéFabrique, onde as histórias ganham forma e se preparam para navegar pelo mundo.
Desde 2024, o Porto MIS CinéFabrique já acolheu mais de xx alunos brasileiros e xx franceses, contribuindo para a criação de xx roteiros e cinco curtas-metragens, frutos dessa parceria entre dois mares de criatividade.
Porto-MIS-CinéFabrique e a internacionalização das ações (Foto: Micaela Menezes)
A conexão entre Ceará e França também se fortalece por meio do workshop de capacitação cinematográfica Produire au Sud, que chegou à Fortaleza, de forma inédita, neste mês de agosto. Promovido pelo Lab Cena 15, em parceria com o Festival des 3 Continents, o projeto oferece, a produtores e diretores brasileiros, um intenso mergulho em ferramentas essenciais e técnicas internacionais de coprodução a partir de atividades coletivas e mentorias individuais, que dão vida aos projetos selecionados.
A colaboração reforça o papel do Ceará no fortalecimento do cinema brasileiro e nordestino, criando novas conexões e oportunidades para realizadores no ano cultural Brasil-França.
A Secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela reforça a parceria entre os dois países em um anos simbólico. “A partir da Secult, os investimentos do Governo do Ceará conectam nossos talentos profissionais a experiências, articulações e projetos reconhecidos internacionalmente. O Ano Cultural Brasil-França 2025 tem sido uma oportunidade importante de contar histórias originais de nossa gente, ao revelarmos a geografia e cultura do estado para o mundo, ao passo em que trabalhadores e trabalhadoras cearenses que atuam atrás das câmeras contribuem com as atuais inovações do setor. Firmamos e incentivamos a coprodução internacional por meio de políticas públicas alinhadas às contínuas demandas do campo audiovisual”, destaca.
Produire au Sud reforça a parceria Brasil-França (Foto: Analice Diniz)
MARÉ DE CELEBRAÇÃO
Para celebrar os 12 anos de Porto Iracema das Artes, a Escola promove uma grande festa nesta sexta-feira (29). Gratuita e aberta ao público, a comemoração conta com uma programação extensa, incluindo apresentações musicais, exercício cênico, exposição de fotografias, sessão de desenho com modelo vivo e feira de peças produzidas por artistas locais. Todas as atividades dialogam com os projetos e as linguagens artísticas trabalhadas na Escola.
SOBRE A PORTO IRACEMA DAS ARTES
A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, instituição da Secretaria da Cultura (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há nove anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes | Texto: Isabella Rifane (jornalista) | Edição e supervisão: Gabriela Dourado (jornalista) | Publicado em 29 de agosto de 2025