Oito caminhos se cruzam nesta que é a 7a Edição do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, cada oito em muitos outros se desdobram, desses muitos, dois em dois se aproximam, sugerindo pequenas bifurcações que logoadiante se emaranham numa estrutura semovente entre águas que banham desejos comuns e fertilizam a terra de sonhos e devires transformadores. Uma estrutura semovente tem movimento autônomo e se constitui em múltiplas temporalidades. Bicho ilha, planta pássaro, imagens vivas, abertas, oníricas, para comportar a heterogeneidade dos processos de criação que compõem essa experiência coletiva, cujas imagens que visitamos agora são apenas a parte visível dessa estrutura.
Os processos de pesquisa em poéticas visuais desenvolvidos, em parte, durante esses sete meses de lab, com acompanhamentos de Rosana Paulino, Ana Lira, Castiel Vitorino, e Elton Panamby, seguem abertos e férteis de muitos futuros. As questões que os atravessam são flechas lançadas no passado, que cruzam o presente e miram o futuro, como no provérbio iorubá:
Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que arremessou hoje. Sobre esse provérbio, nos diz Renato Noguera que Exu é “o orixá que abre caminho para o acontecimento. Na mitologia, quando joga a pedra por trás do ombro e mata o pássaro no dia anterior, Exu reinventa o passado. Ensina que as coisas podem ser reinauguradas a qualquer momento”.