Mostra dos trabalhos de conclusão da VI turma do Curso Técnico em Dança.
A formatura da sexta turma do Curso Técnico em Dança (CTD) do Porto Iracema das Artes realiza-se num grave momento do país. Ao mesmo tempo em que se conclui mais um processo de formação de novos artistas de dança no Ceará, consolidando-se, assim, o projeto do CTD, o Brasil vive um dos dos momentos mais ameaçadores de sua história recente. As artes e os artistas tornaramse alvos de uma série de ameaças e atos de censura, situação que nos convoca para um permanente estado de alerta, no sentido de construirmos uma luta de resistência, capaz de garantirmos um ambiente de liberdade que favoreça a plenitude do ato criativo.
Nestes seis anos do Porto Iracema das Artes, a aventura extraordinária da criação artística indica que o debate democrático e o livre pensamento são condições indispensáveis no processo de construção de uma sociedade mais generosa e tolerante. Nos desafios que a experiência contemporânea brasileira nos impõe, o CTD se constitui numa esfera especialíssima de inspiração, no âmbito dos próprios processos da escola. A maturidade do projeto do CTD, construído no debate quente da resistência artística, funciona como um farol, que lança luz nas nossas rotinas diárias.
Os trabalhos que compõem essa Mostra Modos de Existir abordam questões que tratam as relações com o outro e consigo mesmo, reflexões sobre o lugar do artista no mundo e as dimensões do estar juntos. Alguns trabalhos também tratam das mudanças pelas quais passaram os próprios corpos dos artistas, no uso de técnicas e experimentos nos percursos de formação.
São as narrativas de jovens criadores, no encontro de suas poéticas autorais. Com dança e coragem enfrentam o desafio de fazer arte no Brasil de 2019.Importante acentuar que a fruição coletiva destas diversas narrativas constitui-se num momento especialíssimo, na medida em que este é o instante em que se completa o sentido da obra artística. É um gesto de convocação do pensamento, de um pensamento generoso, capaz de nos reconhecermos especialmente nos nossos erros. Constitui-se, portanto, num gesto político, na medida em que o ato de compartilhar é o mais potente e generoso exercício da vida em comum.